Tarifa de ônibus pode ficar 15,4% mais cara depois de alta no diesel


A Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) informou que os reajustes do diesel neste ano podem elevar as tarifas em 15,4%. O combustível já subiu 47% em 2022, porcentual acima da inflação.

Ontem, segunda-feira, 9, a Petrobras anunciou aumento de 8,9% no preço do óleo nas refinarias. A reajuste começa nesta quarta-feira, 10. Para compensar a alta, as tarifas dos ônibus urbanos teriam de ser reajustadas de imediato em 2,9%, em média.

O cálculo é da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), com base nas médias tarifárias praticadas no país.

Ainda de acordo com a entidade, considerando os valores dos últimos 12 meses — de junho/21 até maio/22 —, o diesel já acumula alta de 80,9%, muito acima da inflação do período, o que representa um impacto na tarifa pública de 26,5% no último ano.

A NTU também destaca que o combustível é o segundo maior custo do setor de transporte coletivo urbano por ônibus, respondendo por 32,8% no custo total do setor, ficando atrás somente do custo de mão de obra, que é de 50% em média. Também é considerada a possibilidade de faltar ônibus fora dos horários de picos.

“Temos cidades que já fizeram seus reajustes tarifários anuais e outras que adotaram subsídios emergenciais ou permanentes, a situação varia”, afirma Francisco Christovam, presidente da NTU. “Mas a grande maioria dos operadores não tem fôlego financeiro para enfrentar mais esse reajuste e terão que suspender o serviço fora dos horários de pico.”

Em comunicado, a entidade detalha que a maioria das empresas associadas à NTU, que congrega mais de 400 operadoras de ônibus no Brasil, está sem condições financeiras para fazer frente a mais um reajuste do diesel.

A alternativa para as companhias seria recorrer às prefeituras, responsáveis pela gestão do serviço nas cidades brasileiras, ou aos governos estaduais, que respondem pelas regiões metropolitanas.

“As empresas de transporte coletivo urbano não são responsáveis por esses aumentos e não têm como arcar com esses custos”, explica Christovam. “Estamos agora no modo de sobrevivência, tentando manter da melhor forma a oferta do serviço, que atende R$ 43 milhões de brasileiros diariamente.”

A redução da oferta vai variar caso a caso, segundo as condições de cada contrato, avalia Christovam. “Quem não conseguir apoio do poder público e não tiver recursos será obrigado a cortar a frota. Dependerá da situação financeira de cada empresa neste momento.”

Soluções

O presidente da NTU diz ainda que a solução para a escalada do diesel seria a adoção de mecanismos para a estabilização dos preços dos combustíveis, que vão desde a reformulação da estrutura tributária incidente sobre o diesel até a adoção de políticas de preços especiais para setores essenciais, como o de transporte público.

“O consumo de diesel do transporte público por ônibus nas cidades e regiões metropolitanas é de apenas 5% a 6% do total do consumo nacional; ter uma política diferenciada para esse segmento não impactaria significativamente a política de preços dos combustíveis”, disse.

Uma alternativa seria a separação entre a tarifa pública, de utilização do ônibus, da tarifa técnica, ou de remuneração dos custos das operadoras, com a diferença sendo arcada pelo poder público.

“Assim, os aumentos de custo decorrentes dos reajustes do diesel podem ser compensados sem onerar a tarifa do passageiro pagante, que já está excessivamente sacrificado com a alta da inflação”, afirmou.





Fonte: R7