Sistema de fornos permite a produção de carvão vegetal de maneira sustentável | Globo Rural


A Universidade Federal de Viçosa (UFV), em Minas Gerais, desenvolveu uma tecnologia que tem tornado a produção de carvão vegetal mais sustentável e melhora o rendimento do item e condições de trabalho no setor.

A fabricação deste produto no Brasil atende principalmente à indústria siderúrgica. Porém, em sua maioria, os trabalhadores usam um tipo de forno rústico, que polui o meio ambiente e prejudica a saúde.

No Brasil, 65% da fabricação de carvão vegetal é feita por pequenos e médios produtores, e Minas Gerais é o estado que mais faz e consome esse insumo bioenergético. Ao todo, mais de 6 milhões de toneladas são produzidas por ano no país.

No passado, o setor de carvão vegetal era associado a péssimas condições de trabalho e ao desmatamento ilegal. Porém, hoje quase todo o material destinado à produção vem de uma fonte renovável: os plantios de eucalipto.

O uso de biomassa de florestas plantadas segue as diretrizes do Projeto Siderurgia Sustentável, implementado pelo “Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento”. Já para os produtores, cada estado tem uma legislação específica.

Um desafio dessa atividade é a forma de se carbonizar a madeira. No forno tradicional, o carvoeiro controla o processo observando a cor e o cheiro da fumaça e tocando no forno para verificar a temperatura. Este modelo prejudica o meio ambiente e a saúde dos trabalhadores.

Para fugir dessa metodologia, os pesquisadores da UFV desenvolveram uma tecnologia chamada forno fornalha.

Seu diferencial é que, no forno tradicional, a fumaça liberada vai para a atmosfera. Já nele, o eucalipto é colocado em fornos feitos de tijolos, ligados a uma fornalha, onde os gases poluentes, como o metano, são queimados e transformados em gás carbônico, água e calor.

Depois, o próprio processo de fotossíntese das árvores ajuda na absorção do gás carbônico, um dos responsáveis pelo efeito estufa. A UFV estuda formas de captar a energia e direcionar para outros usos, como a secagem de grãos e a geração de eletricidade.

Além do ganho para o meio ambiente, os estudos comprovaram um rendimento de até 25% a mais com o uso da tecnologia.

Para implantação da tecnologia no campo, foram selecionados alguns produtores de carvão vegetal em Minas Gerais, mas o sistema forno fornalha está disponível em 8 estados brasileiros e, por meio de treinamentos, a técnica já chegou ao Uruguai, Paraguai, Colômbia, Estados Unidos, Índia e África do Sul.

O investimento inicial para construir 4 fornos mais a fornalha foi em média de R$ 17 mil. Os responsáveis pelo projeto afirmam que é possível ter o retorno dentro de um ano.

Para a construção do mecanismo, os técnicos da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) vão até as propriedades orientar os produtores.

Para aplicar a tecnologia, o trabalhador deve se atentar ao tipo de forno e também à qualidade do eucalipto. As variedades mais indicadas da árvore são a Eucalyptus Urophylla e a Eucalyptus Urograndis.

Veja o passo a passo para aprender a montar e a operar o forno fornalha nas cartilhas gratuitas do Projeto Siderurgia Sustentável:

Saiba mais na reportagem completa no vídeo acima.

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Fonte: G1