Rendimento real médio sobe 2,5% no terceiro trimestre, diz Ipea


Atividades mais informais e com menor qualificação foram os que mais cresceram no período. Jovens adultos tiveram o maior avanço do rendimento no terceiro trimestre.
Sandro Menezes
A remuneração real (descontada a inflação) média do mercado de trabalho brasileiro registrou um avanço de 2,5% no terceiro trimestre deste ano em relação a igual período de 2021, informou o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) nesta terça-feira (6).
Esse foi o primeiro crescimento interanual nos rendimentos desde o trimestre finalizado em março de 2020, quando teve início a pandemia de Covid-19. Apesar do crescimento, a renda média habitual real ficou em R$ 2.737 no período – valor abaixo do que o observado antes da pandemia.
De acordo com as estimativas mensais realizadas pelo instituto, o rendimento habitual médio de setembro ficou em R$ 2.734, número que representa um crescimento de 1,5% em comparação a agosto (R$ 2.693) e de 6,2% em relação a dezembro do ano passado (R$ 2.574).
A renda efetiva também registrou alta em relação a igual período de 2021, de 2,5%. Nesse caso, no entanto, o valor ainda se encontra 2% menor do que o visto no terceiro trimestre de 2019.
Atividades formais e com trabalhadores mais qualificados têm maior queda da renda
Entre as atividades analisadas, o levantamento aponta que os setores mais formais e com trabalhadores mais qualificados foram os que tiveram o maior recuo na remuneração. Entre os destaques negativos ficaram administração pública, cuja renda efetiva caiu 0,6% no terceiro trimestre, e educação e saúde, com uma retração de 5,3% no período. Nos três meses anteriores, esses segmentos haviam registrado quedas de 11,5% e 11,1%, respectivamente.
Na ponta contrária, os setores mais informais e de menor qualificação apresentaram um crescimento mais forte da renda, com destaque para os segmentos de transporte (com avanços de 3,9% na renda habitual e de 2,3% da efetiva), construção (com altas de 5,4% e 5,3% respectivamente), serviços pessoais e coletivos (avanços de 9,6% e 10,8%), alojamento e alimentação (aumentos de 2,6% e 5,5%) e agricultura (com crescimentos de 12,6% da renda habitual e 12,7% da efetiva).
Setor público sente o maior impacto
Ainda segundo o levantamento do Ipea, o maior impacto da queda nos rendimentos no terceiro trimestre aconteceu entre os trabalhadores do setor público. Esse segmento registrou uma queda de 2,3% da renda habitual e um recuo de 3% na renda efetiva no período.
Na ponta contrária, a renda habitual dos trabalhadores do setor privado com carteira assinada subiu 1,6% no período, enquanto a renda efetiva teve um aumento de 1,1%. Já entre os trabalhadores que trabalham por conta própria, os avanços foram de 4,2% na renda habitual e de 5,4% na renda efetiva, enquanto os trabalhadores sem carteira assinada tiveram altas de 4,9% em ambas as categorias.
Jovens adultos têm melhor desempenho
Entre os perfis avaliados pelo estudo, os jovens adultos, de 25 a 39 anos, foram os que tiveram o melhor desempenho na renda habitual no período, com um avanço de 4,4% no terceiro trimestre de 2022.
Já os trabalhadores acima de 40 anos, que foram os que mais sofreram impactos nos últimos trimestres, tiveram um aumento de cerca de 1,5% na renda. Em relação ao ensino, todas as categorias registraram um crescimento acima de 4% no período, com exceção daqueles com ensino superior.
Rendimento dos homens cresce mais do que o das mulheres
O estudo do Ipea ainda apontou que a remuneração dos homens foi a que mais cresceu no terceiro trimestre de 2022, com um aumento de 3,3% da renda habitual e de 3,4% da renda efetiva. Entre as mulheres, por sua vez, o avanço foi de 1,7% e 1,5%, respectivamente.
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Centro-Oeste, Norte e Sul têm maior avanço da renda
Na abertura por regiões, os maiores avanços da renda efetiva foram registrados no Centro-Oeste (8,3%), Norte (5,3%) e Sul (3,1%). Já no Nordeste, a alta foi de 0,7%, enquanto no Sudeste o aumento foi de 1,5%.
O movimento se repete no caso da renda habitual, com as maiores altas também entre as regiões Centro-Oeste (8,6%), Norte (4,4%) e Sul (4,0%). O Nordeste, por sua vez, teve um aumento de 1,4% e o Sudeste de 1,0%.

Fonte: Portal G1