Questionado sobre racionamento, ministro da energia responde: ‘Não temos como prever o futuro’ | Economia


Questionado sobre a possibilidade de haver racionamento compulsório de energia no país neste ano, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, afirmou nesta quinta-feira (2) em entrevista à GloboNews que não há como prever o futuro.

Até então, o ministro negava enfaticamente a possibilidade de racionamento. “Não trabalhamos com a hipótese de racionamento“, disse em junho, ao participar de audiência em uma comissão da Câmara dos Deputados. Na última quarta-feira, o vice-presidente Hamilton Mourão foi a primeira autoridade do governo a dizer, publicamente, que pode haver “algum racionamento” de energia elétrica em razão da crise energética.

“As medidas que estamos adotando estão apresentando resultados, estão surtindo efeito, mas não temos como prever o futuro”, respondeu Albuquerque ao ser indagado durante a entrevista.

Apesar disso, o ministro ressalvou que os cenários com os quais o governo trabalha hoje — de previsões de chuva, de oferta de energia e de demanda — indicam que não haverá necessidade de adotar medidas como o racionamento, “seja em outubro seja em novembro”.

À GloboNews, o ministro negou que o governo tenha demorado a agir para conter a crise energética, embora especialistas do setor digam o contrário.

Ele afirmou que desde outubro do ano passado o governo vem importando energia e acionando usinas termelétricas para preservar água nos reservatórios, mas que as condições hídricas pioraram.

“Em abril deste ano, estávamos em condição melhor do que em abril de 2020. Isso mostra que nossas medidas foram corretas e estavam dentro da gestão do sistema elétrico brasileiro”, afirmou Albuquerque.

O ministro disse que os reservatórios vão se esvaziar “de uma forma ou de outra”, “gerando energia ou não”, devido aos usos múltiplos da água, para fins como consumo, irrigação, transporte, entre outros.

Os reservatórios do Sudeste e Centro-Oeste, os principais do país, estavam com 21,1% da capacidade de armazenamento até quarta-feira. A previsão do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) é que cheguem a 10% em novembro.

O ministro também afirmou que os programas de incentivo à redução voluntária do consumo — lançados para a indústria e para os consumidores residenciais — buscam reduzir o custo da energia. “Se a demanda diminuir, podemos gerar energia com fontes mais baratas.”

Indagado se a bandeira tarifária da “escassez hídrica” vai mesmo acabar em abril de 2022, como previsto, o ministro respondeu que nos próximos meses o governo terá uma visão melhor sobre as condições do setor elétrico.

A nova bandeira da escassez hídrica, criada pelo governo e pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), vai adicionar uma taxa extra na conta de luz de R$ 14,20 a cada 100 quilowatts consumidos.

Essa bandeira entrou em vigor em setembro, e a previsão é que vigore até abril de 2022, a fim de o governo bancar o custo mais alto da geração de energia em razão da necessidade de recorrer a fontes alternativas, como a importação e as usinas termelétricas, mais caras.



Fonte:G1