Queimadas reduzem a fertilidade do solo e aumentam custos da produção


Clima seco, altas temperaturas e ventos são potenciais para ocorrência das queimadas. Além disso, temos observado incêndios criminosos em lavouras. O fogo prejudica a fertilidade do solo e com a necessidade de fazer novos tratos culturas, aumentam os custos de produção.

Por todo o Brasil, queimadas atingiram grandes áreas de mata nativa e de agricultura e pecuária, causando a morte de animais e perda de culturas agrícolas e infraestrutura. A alta dos focos de incêndios está conectada com a seca prolongada e chuvas irregulares nas regiões do país.

Queimadas prejudicam fertilidade do solo

Queimadas provocam a retirada nutrientes do solo que beneficia plantas.Queimadas provocam a retirada nutrientes do solo que beneficia plantas.
Queimadas provocam a retirada nutrientes do solo que beneficia plantas. Foto: Divulgação

Além do impacto ambiental e social, as queimadas deixam rastros de destruição e perdas econômicas na agropecuária. O fogo afeta as propriedades físicas, químicas e biológicas dos solos. Grandes quantidades de carbono, nitrogênio, potássio e enxofre são perdidas para a atmosfera por volatilização durante a combustão.

De acordo com o pesquisador Alberto Bernardi, da Embrapa Pecuária Sudeste, especialista em solos, a longo prazo, essa alteração no solo causada pelo fogo tem consequências na biodiversidade e na manutenção de processos ecossistêmicos como a ciclagem de nutrientes, a regulação climática e do ciclo da água.

Pesquisas indicam que o fogo compromete a qualidade do solo e a produtividade no decorrer do tempo. Segundo Bernardi, a queima da cobertura vegetal deixa a área descoberta, levando a maior absorção da radiação solar, aumento da temperatura e do ressecamento ao longo do dia.

A noite, há perda de calor por conta da exposição do solo, aumentando a amplitude das variações térmicas diárias.

“Essas oscilações prejudicam a absorção de nutrientes e a biologia do solo. Outro problema é a erosão, pela ação do vento e o impacto da chuva, que leva à compactação ou selamento superficial. O resultado é menor infiltração de água e aumento do escoamento superficial”, explica Bernardi.

Recuperação do solo e alta dos custos de produção

Recuperação do solo pode levar cerca de três anos.Recuperação do solo pode levar cerca de três anos.
Recuperação do solo pode levar cerca de três anos. Foto: Divulgação

A recuperação do solo pode levar cerca de três anos, com custos elevados para os produtores, que precisam investir no fornecimento de nutrientes para restaurar a área afetada.

A renovação da vegetação logo após a queimada pode deixar uma impressão positiva, no entanto, o efeito é apenas temporário. Essa germinação de novas plantas ocorre porque as cinzas são compostas por grande quantidade de nutrientes (Cálcio, Magnésio, e Potássio, principalmente), estocados na fitomassa e liberados na superfície do solo com o fogo.

As cinzas são alcalinas, ou seja, neutralizam a acidez superficial, favorecendo o crescimento de plantas. Mas parte das cinzas será levada para fora do local de queima, seja pela ação do vento ou do escoamento superficial pela chuva.

Já, em longo prazo, o estoque de carbono do solo é perdido, porque a baixa disponibilidade de nutrientes levará a maior mineralização da matéria orgânica armazenada.

“Então, vários processos são prejudicados pela perda dessa matéria orgânica, entre eles a capacidade de troca catiônica (CTC), estabilidade dos agregados, porosidade, infiltração de água, atividade e diversidade de micro, meso e macrofauna do solo”, conta o especialista.

Para o pesquisador, um solo de qualidade, exercendo todas suas funções, auxilia no alcance de vários Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) como os relacionados à redução da fome (ODS 2) e à pobreza extrema (ODS 1 e 3), melhoria da proteção do meio ambiente (ODS 6, 11, 12, 14 e 15) e do combate às mudanças climáticas (ODS 13).



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