Quase metade da população em idade de trabalhar estava desocupada em 2020, mostra IBGE | Economia


Pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que, com a pandemia, o ano de 2020 teve o menor nível de ocupação da série histórica, que começa em 2012. O indicador atingiu 51%. Assim, quase metade da população (49%) em idade de trabalhar estava desocupada ou fora da força de trabalho no ano passado. Em 2019, a taxa de ocupação era de 56,4%.

O nível de ocupação equivale ao número de pessoas ocupadas sobre a população em idade ativa.

A desocupação e a subutilização, que estavam se consolidando em patamares elevados após a crise de 2015 e 2016, cresceram ainda mais em 2020, alcançando, respectivamente, 13,8% e 28,3%.

Ocupação, desocupação e subutilização da força de trabalho — Foto: Economia g1

De 2019 para 2020, a população ocupada teve redução de 8,7%. Os trabalhadores sem carteira e por conta própria foram os mais prejudicados pela pandemia, com perdas de 18,2% e de 8,7% de pessoal ocupado, respectivamente. Já trabalhadores com carteira assinada tiveram redução menor, de 5,2%.

Os setores que tiveram as maiores perdas de ocupações foram Alojamento e alimentação (-21,9%), Serviços domésticos (-19,6%), Outros serviços (-13,7%) e Construção (-10,1%).

Os jovens, com idades entre 14 e 29 anos de idade, foram também os mais afetados – o nível de ocupação passou de 49,4% em 2019 para 42,8% em 2020.

Mulheres, pretos e pardos

As mulheres foram mais impactadas que os homens: enquanto o nível de ocupação dos homens foi de 61,4%, o das mulheres foi de 41,2%, em 2020. Quando o nível de escolaridade é maior, a perda na ocupação é menor: o nível de ocupação das mulheres com ensino superior completo foi 3,3 vezes maior que o das mulheres sem instrução ou com ensino fundamental incompleto em 2020.

Segundo o IBGE, os pretos ou pardos, as mulheres e as pessoas sem instrução ou com ensino fundamental incompleto, ensino fundamental completo ou médio incompleto tiveram as maiores reduções nas ocupações no ano passado.

Os contingentes de mulheres (-10,9%) e de pretos ou pardos (-10,5%) sofreram as maiores reduções nas ocupações, acima da média geral, considerando todos os níveis de instrução (-8,7%).

Houve também forte queda de pessoas ocupadas sem instrução ou com o ensino fundamental incompleto (-19,0%) e com ensino fundamental completo ou médio incompleto (-16,9%), enquanto os demais níveis de escolaridade seguintes tiveram reduções menores ou estabilidade.

A presença de pretos ou pardos foi mais acentuada nas atividades de Agropecuária (60,7%), Construção (64,1%) e Serviços domésticos (65,3%), atividades que possuíam rendimentos inferiores à média em todos os anos da série histórica.

Por outro lado, Informação, financeira e outras atividades profissionais e Administração pública, educação, saúde e serviços sociais, cujos rendimentos foram bastante superiores à média, foram as atividades que contaram com maior participação de pessoas ocupadas de cor ou raça branca.

As atividades econômicas com maiores percentuais de ocupados sem instrução ou com o nível fundamental incompleto ou equivalente foram Agropecuária (59,1%), Serviços domésticos (46,6%) e Construção (40,1%).

No outro extremo, estão as ocupações em Administração pública, educação, saúde e serviços sociais e Informação, financeira e outras atividades profissionais, com 54,3% e 41,8% dos trabalhadores, respectivamente, com no mínimo ensino superior completo.

Desocupação atinge mais jovens e negros

O ano de 2020 ganhou 1 milhão de desocupados a mais em relação a 2019, com a taxa passando de 11,8% para 13,8%. E a desocupação atingiu mais os jovens e negros.

Em 2020, as taxas de desocupação foram de 15,9% para pretos ou pardos, contra 11,1% para brancos. Já entre os jovens foi de 24,1%, a maior entre todas as faixas etárias, atingindo 1/4 da força de trabalho do grupo.

Mas o acesso ao ensino superior é um fator que contribui para a redução de desigualdades. A taxa de desocupação cai para 8,1% entre pretos e pardos e para 5,8% para brancos entre as pessoas com esse nível de escolaridade.

Desocupação por raça e instrução — Foto: Economia g1

Brancos predominam em cargos gerenciais

Em relação à ocupação em cargos gerenciais, a participação de pessoas brancas era de 69,7% em 2020, contra 27,6% entre os pretos e pardos.

A maior diferença estava na região Sul. A proporção dos negros era de apenas 9,3% nesses cargos, ao passo que entre os brancos era de 89,9%. O Sudeste ocupa o segundo lugar na diferença para os brancos: 22,2% contra 73,3%.

No Norte e Nordeste os números se invertem – na primeira região a proporção de negros é de 68,1%, e dos brancos é de 31,5%, e na segunda é de 51,2% e 47,9%, respectivamente.

O Centro-Oeste apresenta pouca diferença – 52,1% entre os brancos e 47,6% entre os pretos e pardos.



Fonte:G1