Professores formados em EAD apontam redução na qualidade do ensino

A formação de professores no Brasil, levando em consideração o atual contexto socioeconômico e político, acabou alterando o perfil profissional, onde teve o período de pandemia da COVID-19  como um dos fatores de mudanças, resultando em situações adversas.

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Em um estudo realizado recentemente pela Organização Não Governamental (ONG) Todos pela Educação, tendo como base o Censo da Educação Superior, revelou que os cursos — que estão ligados à formação de docentes utilizando de Educação a Distância (EAD), como Pedagogia e Licenciaturas — mostraram um crescimento de 109,4% na rede privada entre os anos de 2010 e 2020, o que continuou em elevação nos dois últimos anos da análise.

Durante esse mesmo período, os alunos que concluíram cursos na modalidade presencial, seja em instituição pública ou particular, caiu bastante, sendo a maior queda na rede privada presencial.

Conforme os dados que foram informados, a cada 10 dos estudantes, que estão se formando nos cursos de docentes no ano de 2020, 61,1% foram em EAD e 24,6% nos demais cursos de ensino superior.

Tendo quase 60% das licenciaturas realizadas em EAD, Gabriel Grabowksi, que é professor e pesquisador da Feevale e faz parte da Diretoria da Associação de Escolas Superiores de Formação de Profissionais do Ensino do RS (AESUFOPE/RS), diz que o indicador do Censo é bastante preocupante e precisa ser considerado.

Ele diz que as matrículas nos cursos de licenciatura, que foram registradas em 2020, 33,6% estão em instituições públicas de Ensino Superior e 66,4% em redes privadas.

Desse modo, destaca que, para poder ser professor, a maioria das pessoas precisa pagar. Ele explica que o problema não é somente de serem estudos à distância, mas sim, a falta de formação prática e a ausência de práticas de estágio em algumas escolas públicas, oferta de cursos padrões e sem qualidade que, na maioria das vezes, é bastante notável.

“Temos universidades que desenvolvem ótimo trabalho em EAD no RS e outras nem tanto. As universidades e faculdades são diferentes. Temos muitas bem estruturadas em EAD, que fazem pesquisa, cuidam da formação teórico-prática, como a Universidade Aberta do Brasil (UAB), por exemplo. Porém, existem instituições com cursos em alta escala, que resumem o conteúdo a provas e a textos padronizados e sem propiciar a vivência prática”, finaliza Gabriel.

Fonte: Economia R7