A produção industrial teve queda, na passagem de maio para junho, em 10 das 15 regiões pesquisadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontam os dados divulgados nesta quarta-feira (11).
Apresentaram crescimento somente as regiões do Amazonas, Ceará, Rio de Janeiro, Bahia e Região Nordeste, sendo que os dois últimos se destacaram pelo bom desempenho. Na outra ponta, Paraná e Pará foram os locais que registraram as quedas mais expressivas.
Maioria das regiões pesquisadas tiveram queda na produção industrial em junho — Foto: Economia/G1
Maioria das regiões pesquisadas tiveram queda na produção industrial em junho — Foto: Economia/G1
O resultado geral do país teve variação nula (0,0%) no período, indicando que houve estagnação da indústria nacional. Com isso, o setor completou dois trimestres seguidos de queda.
Segundo o IBGE, a principal influência negativa para o resultado nacional partiu do Paraná que, puxado pelo baixo desempenho do setor de veículos e do setor de derivados do petróleo, registrou em junho o recuo o mais intenso desde abril do ano passado.
O Pará empatou com o Paraná com maior queda absoluta. Lá, o resultado foi puxado pela metalurgia em também, pelo segmento de celulose, papel e produtos de papel e o setor de produtos minerais não-metálicos.
Já São Paulo, que mantém o maior parque industrial do país, exerceu a segunda principal influência negativa para a indústria nacional. A queda da produção paulista em junho foi atribuída ao setor de veículos.
Dentre as cinco regiões que tiveram alta da produção em junho, tanto a Bahia quanto a Região Nordeste contaram com o bom desempenho do setor de derivados do petróleo. Na Região Nordeste, também houve bom desempenho do setor de couro, artigos de viagens e calçados.
Recuperação das perdas com a pandemia
Com o resultado de junho, apenas cinco locais registraram produção acima do patamar pré-pandemia, de fevereiro de 2020. São eles Minas Gerais (15,5% acima), Amazonas (9,4%), Santa Catarina (6,1%), Rio de Janeiro (4,2%) e São Paulo (3,4%).
“Desde que se iniciou esta análise de comparação com o patamar pré-pandemia, em julho de 2020, Minas Gerais é o único local que se mantém acima do patamar. Já São Paulo entrou em setembro e, desde então, se manteve”, destacou o IBGE.
Alta em 10 locais na comparação anual
Na comparação com junho de 2020, 10 dos 15 locais pesquisados apresentaram crescimento da produção industrial.
Nesta base de comparação, a indústria nacional apresentou crescimento de 12%. Dos 10 locais que tiveram alta, oito apresentaram resultado superior à média nacional.
Veja abaixo o resultado de cada região na comparação com junho de 2020:
- Pará (-8,0%)
- Bahia (-7,9%)
- Mato Grosso (-6,9%)
- Goiás (-4,2%)
- Pernambuco (-2,7%)
- Espírito Santo (34,3%)
- Ceará (31,1%)
- Amazonas (24,0%)
- Santa Catarina (23,2%)
- Minas Gerais (23,1%)
- Rio de Janeiro (15,3%)
- São Paulo (14,6%)
- Rio Grande do Sul (13,4%)
- Paraná (8,2%)
- Região Nordeste (3,5%)
De acordo com o gerente da pesquisa, Bernardo Almeida, o bom resultado foi influenciado, em grande parte, pela baixa base de comparação.
“Em junho de 2020, o setor industrial foi pressionado pelo aprofundamento das paralisações ocorridas em diversas plantas industriais, fruto, especialmente, do movimento de isolamento social por conta da pandemia de Covid-19”, apontou.
Em julho, o Índice de Confiança da Indústria (ICI) subiu 0,8 ponto, para 108,4 pontos, segundo a Fundação Getulio Vargas. Esta foi a terceira alta seguida do indicador, que atingiu o maior patamar desde janeiro, quando ficou em 111,3.
Apesar da melhora, o otimismo dos empresários em relação aos próximos meses desacelerou, influenciado pela escassez de insumos e pela possibilidade de racionamento energético no país, além da alta incerteza econômica em relação ao segundo semestre do ano.
A despeito das incertezas, os analistas do mercado financeiro elevaram de 6,38% para 6,47% a expectativa de crescimento da produção industrial este ano, aponta o último relatório Focus, divulgado pelo Banco Central nesta segunda-feira (9).
Se a projeção se confirmar, a indústria terá o primeiro resultado anual positivo após dois anos seguidos de queda – em 2020, a indústria brasileira registrou um tombo de 4,5%, depois de ter recuado 1,1% em 2019.
O mesmo relatório Focus mostrou que os analistas mantiveram a estimativa de crescimento da economia em 2021. A projeção deles para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro é de uma alta de 5,30% este ano.
Economistas têm destacado que uma recuperação mais consistente do mercado de trabalho só deverá ser mais visível a partir o segundo semestre, e condicionada ao avanço da vacinação e também à retomada do setor de serviços – o que mais emprega no país e o mais afetado pelas medidas de restrição para conter o coronavírus.
Fonte:G1