Produção de veículos no Brasil cai 31,6% em 2020 e tem pior resultado desde 2003 | Economia


A produção de veículos no Brasil caiu 31,6% em 2020, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (8) pela Anfavea, a associação das fabricantes. O resultado é o pior desde 2003. Para 2021, as previsões são “conservadoras”.

De acordo com a associação, foram produzidos 2.014.055 automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus durante o último ano, contra 2.944.988 no ano anterior. Foi a menor produção dos últimos 17 anos: em 2003 foram fabricados 1.684.715 exemplares.

Considerando o último mês de dezembro, foram produzidas 209.296 unidades. O número representa um aumento de 22,8% em relação ao mesmo mês de 2019, que teve 170.504 veículos produzidos, e o melhor resultado desde 2017.

Produção de veículos novos no Brasil — Foto: Economia G1

“A indústria fez um grande esforço para atender a demanda, trabalhando aos finais de semana e suspendendo parte das férias coletivas, mas entra em 2021 com os estoques mais baixos de sua história, suficientes apenas para 12 dias de vendas”, ressaltou o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes.

Os ônibus foram os mais impactados e tiveram as maiores quedas entre os segmentos. No acumulado do ano, a redução foi de 33,5%, o pior resultado desde 1999, segundo a Anfavea. Foram produzidas 18.405 unidades, contra 14.315 de 99.

Em dezembro, as 1.009 unidades de ônibus produzidas representaram o pior número desde 2016 no setor.

Entre os caminhões, a queda do ano foi de 19,9%. Por outro lado, houve crescimento de 75,5% quando considerado apenas o mês de dezembro de 2020, em relação ao mesmo mês de 2019, sendo o melhor dezembro do setor desde 2011.

Para os veículos leves, que incluem automóveis e comerciais leves (como picapes e furgões), o tombo foi de 32,1% no ano. Em dezembro, ocorreu crescimento de 21,1% na comparação com o mesmo mês do ano anterior.

Crises e pandemia afetam as exportações

As exportações também fecharam 2020 com queda. Para a Anfavea, a redução é um reflexo não apenas da crise enfrentada pela Argentina e da pandemia do coronavírus, mas também de questões estruturais do Brasil, como impostos e custos.

Com 324.330 veículos exportados em 2020, retração foi de 24,3% em comparação com 2019. Em relação a novembro também houve queda, de 12,7%. Por outro lado, o número foi 32,4% maior do que em dezembro do ano anterior.

O número de pessoas empregadas na indústria automotiva também caiu, segundo a Anfavea. Em relação a 2019, dezembro de 2020 fechou com 120.538 empregados, uma queda de 4%.

A redução foi puxada pelo setor de veículos (automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus), com tombo de 5,1%. Em compensação, o setor de máquinas agrícolas e rodoviárias aumentou a quantidade de trabalhadores em 2,2%.

Projeções ‘conservadoras’ para 2021

Com expectativa de crescimento de 3,5% do PIB, crédito com condições favoráveis, câmbio flutuante e uma retomada da confiança dos investidores, mas medo dos desafios fiscais, aumento de cargas tributárias e a extensão da crise sanitária, a Anfavea divulgou uma previsão “conservadora” para 2021.

Na produção de veículos, a associação prevê um crescimento de 25% neste ano, contra 9% das exportações. Entre os licenciamentos, a expectativa é de aumento de 15%.

“Nunca foi tão difícil projetar os resultados de um ano, pois temos uma neblina à nossa frente desde março, quando começou a pandemia”, explica Luiz Carlos Moraes.

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Fonte: G1