Presidente do BC defende concentrar ajuda financeira do governo nas empresas | Economia


O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, defendeu nesta quinta-feira (5) que o governo deve passar a concentrar nas empresas, e não nas pessoas físicas, os seus programas de auxílio voltados ao alívio dos efeitos da pandemia do novo coronavírus na economia.

Durante evento transmitido pela internet, Campos Neto citou uma recuperação “muito grande” nas horas efetivamente trabalhadas, o que mostra uma recuperação da renda dos trabalhadores e do mercado de trabalho.

“A gente vê que tem uma recuperação muito grande que nos dá a entender que o governo deveria pensar agora, talvez, em fazer mais programas para pessoas jurídicas do que pessoas físicas E eu acho que isso é o que temos feito recentemente”, disse.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), o Brasil tinha ao final de setembro 13,5 milhões de desempregados, número recorde. Já a taxa de desemprego passou de 13,6% em agosto para 14% em setembro, a maior de todo o período.

A maior parte dos recursos investidos pelo governo para aliviar os efeitos da pandemia foi direcionada ao auxílio emergencial, pago a trabalhadores informais. De acordo com o Siga Brasil, ferramenta do Senado que permite pesquisas sobre a execução do orçamento, dos R$ 469,8 bilhões gastos pelo governo até 3 de novembro, R$ 228,8 bilhões (48,74%) foram aplicados no auxílio emergencial.

O governo também adotou uma série de medidas para socorrer empresas, entre eles o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe).

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O Pronampe, considerado o principal programa de crédito para micro e pequenas empresas lançado durante a pandemia, já contou com duas fases. Na primeira delas, foram emprestados R$ 18,7 bilhões, e, para a segunda fase, estavam previstos R$ 12 bilhões.

Durante a sua apresentação, Campos Neto voltou a citar que o Brasil está entre os países emergentes que mais gastaram durante a pandemia da Covid-19. De acordo com ele, Brasil e África do Sul são os dois países onde houve mais transferência para pessoas físicas do que para pessoas jurídicas.

“E isso tem algumas implicações e, no Brasil, teve outro fator que foi voltado para renda baixa que teve recomposição de renda bem acima de 100%”, disse.

Campos Neto comentou também a ata da mais recente reunião do Copom, que manteve a taxa básica de juros em 2% ao ano. Segundo o presidente, no documento o BC quis deixar claro a importância da manutenção do regime fiscal, que inclui respeito ao teto e também à trajetória da dívida.

Segundo ele, qualquer forma criativa para ficar dentro do teto que leve a aumento de gastos, será considerado um “rompimento do equilíbrio fiscal” pela autoridade monetária.

“O teto foi feito para manter a trajetória de dívida equilibrada. Se eu faço de uma forma que atende um e não atende o outro, entendemos que não é coerente. Entendíamos que precisávamos passar essa comunicação de que estamos olhando o teto, mas que obviamente qualquer forma criativa de ficar dentro do teto, piorando a trajetória dívida, nós também vamos considerar um rompimento do equilíbrio fiscal”, disse.



Fonte: G1