Presidente do Banco Central prevê declínio da inflação a partir deste mês | Economia


O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta segunda-feira (4) que a taxa de inflação no país deve atingir o seu pico em setembro e começar a cair a partir deste mês.

“A gente entende que, quando olha os [acumulados em] 12 meses, o pico [da inflação] será setembro, depois a gente começa com uma queda a partir de setembro nos 12 meses”, disse Campos Neto durante transmissão do jornal “Valor Econômico”.

A inflação oficial do país de setembro — medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) — será divulgada na sexta-feira (8) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O IPCA-15, considerado uma prévia da inflação, ficou em 10,05% no acumulado em 12 meses, segundo o IBGE.

Campos Neto também disse que três fatores contribuíram para uma inflação mais alta do que o esperado pelo mercado e pelo próprio Banco Central:

  • alta do preço de bens de consumo mais persistente do que o previsto;
  • início do aumento do preço dos serviços, com a abertura da economia; e
  • alta dos preços administrados, como combustíveis e energia, que têm reflexo na cadeia produtiva.

“O que a gente vê é uma inflação de bens mais persistente do que a gente imaginava no mundo, mais persistente no Brasil. A gente começa a ver uma inflação de serviços no Brasil um pouquinho mais alta, mas ainda, quando a gente olha uma média de 12 meses, ela é bastante baixa. Mas a gente ainda tem esse tema de energia, administrados, que está bastante alto, que contaminou bastante a inflação deste ano”, explicou.

Banco Central vê 100% de chance de inflação superar a meta estabelecida pelo governo

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No relatório de inflação divulgado pelo Banco Central na semana passada, a instituição prevê um pico de 10,2% de inflação no acumulado em 12 meses encerrados em setembro, com posterior queda nos preços até encerrar o ano em 8,5%.

Apesar da queda esperada, o valor assim ainda ficará bem acima da meta.

O centro da meta de inflação, em 2021, é de 3,75%. Pelo sistema vigente no país, será considerada cumprida se ficar entre 2,25% e 5,25%. Com isso, a projeção do BC está bem acima do teto do sistema de metas.

A meta de inflação é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros da economia, a Selic. Atualmente, a Selic está em 6,25%

Segundo Campos Neto, o ritmo atual de elevação da Selic fará com que a inflação convirja para a meta em 2022.

“Nós entendemos que nossa política atual é suficiente para nos levar para a meta no horizonte relevante”, afirmou o presidente do Banco Central.

Elevações na taxa Selic

Com a alta recente da inflação, o Banco Central promoveu elevações na taxa Selic:

BC sobe juros para 6,25% ao ano para tentar conter inflação

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O Banco Central indicou, ainda, que deve promover um novo aumento de um ponto percentual na taxa básica de juros no fim de outubro, o que levaria a Selic para 7,25% ao ano.

A instituição sinalizou, também, que o ciclo total de alta dos juros tende a ser maior do que o previsto anteriormente, ou seja, que os juros vão subir mais nos próximos meses para controlar a inflação.

No ano que vem, a meta central de inflação é de 3,5% e será oficialmente cumprida se o índice oscilar de 2% a 5%. Em 2023, o objetivo central é de 3,25%, com um piso de 1,75% e um teto de 4,75% por conta do intervalo de tolerância existente.

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Fonte: G1