Pesquisa realizada pela Companhia de Estágios mostra os fatores que mais eliminam os candidatos a uma vaga de estágio, as habilidades mais valorizadas e as principais dificuldades das empresas em contratar os profissionais.
De acordo com o levantamento, realizado entre maio e julho deste ano com quase 300 líderes de recursos humanos, os principais fatores que eliminam o candidato das seleções são:
- postura inadequada: 80,7%
- não possuir os mesmos valores que a empresa (fit cultural): 57,1%
- não ter algumas das competências valorizadas pela companhia: 39,9%
- erros de português: 30,1%
- atrasos: 25,7%
As principais dificuldades apontadas pelos profissionais de RH para contratar os estagiários são:
- adaptação dos estagiários para atividades em home office: 20,3%
- treinamento remoto para as atividades do estagiário: 17,2%
- entrosamento com a equipe e cultura organizacional: 17,2%
- baixo engajamento e excesso de faltas nos processos seletivos: 14,9%
- realizar um processo seletivo 100% digital: 13,5%
Para Tiago Mavichian, CEO e fundador da Companhia de Estágios, a pandemia impõe ao estagiário, que não tem experiência profissional, um cenário bastante desafiador.
“Quando o estagiário chega à empresa, ele não conhece todo o time pessoalmente, o acesso aos processos e sistemas é desafiador e, por conta disso, pode demorar um pouco mais para ele entender e absorver o jeito de ser da empresa. O RH deve preparar a liderança para que use ferramentas de integração e promova a conexão entre as pessoas da forma mais fluida possível”, avalia.
Postura inadequada é um dos fatores que eliminam candidatos das seleções — Foto: Daniel Ivanaskas/Arte G1
Deslizes que causam dispensa
Independente do cenário de pandemia, uma carreira pode ser curta com alguns deslizes cometidos pelos universitários no ambiente profissional. Um estagiário tende a não durar na empresa se tiver:
- postura apática: 51%
- conduta preconceituosa: 43,6%
- não assumir responsabilidade por ser estagiário: 35,1%
- fazer apenas o básico ou necessário: 30,4%
- não se comprometer com o resultado: 29,4%
- não ter boa postura interpessoal: 26,4%
- atrasos e excessos de faltas: 24,7%
Se o jovem tiver dificuldades em se adaptar ao modelo online, não tende a ser dispensado por isso. O indicador representa apenas 2,7% da lista de posturas que põem o emprego em risco.
De acordo com a pesquisa, as características consideradas mais importantes em um estagiário são:
- proatividade: 73,6%
- habilidade para trabalhar em grupo: 61,8%
- criatividade: 33,4%
- inovação: 28%
- senso de dono: 26,7%
- flexibilidade: 23,6%
Já as características que fazem os candidatos se destacar nas seleções são:
- habilidades comportamentais: 69,9%
- domínio em ferramentas utilizadas na empresa: 51,4%
- algum conhecimento técnico na área: 42,2%
- interesse em temas de tecnologia e inovação: 34,1%
- participação em atividades extracurriculares: 29,1%
“As companhias passaram a solicitar nos processos seletivos candidatos mais resilientes, flexíveis e criativos. Isso porque, habilidades socioemocionais fazem toda a diferença nesse novo cenário de incertezas e mudanças aceleradas que vivemos”, diz Mavichian.
Segundo a pesquisa, o principal papel dos estagiários na organização são:
- contribuir com as áreas e se preparar para uma posição futura: 72,3%
- renovar e criar um ambiente mais jovem dentro da empresa: 10,1%
- trazer inovação: 9,5%
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Home office ou presencial?
A pesquisa mostra ainda que o trabalho remoto não é o modelo mais produtivo para os talentos em início de carreira.
Para metade dos líderes de RH (50,3%), os estagiários trabalham melhor na modalidade presencial do que na remota.
O sistema híbrido, que mescla home office com idas ao escritório, foi considerada adequada por 29,7% dos profissionais ouvidos pela pesquisa. E apenas 2,4% apontam o trabalho remoto como um modelo realmente produtivo para os talentos em início de carreira.
Segundo a pesquisa, 38% dos entrevistados disseram que os programas de entrada (aprendiz e estágio) são hoje o principal canal da empresa para contratar diversidade.
Para 30,1% dos profissionais de RH, a maior dificuldade está em atrair diversidade nos processos de recrutamento e seleção, seguida por tornar a liderança mais inclusiva (28%) e conscientizar o público interno (12,5%).
Para 39,5% dos entrevistados, é importante ampliar todos os tipos de diversidade, sendo que 14,9% das companhias priorizam a questão racial nas estratégias de contratação e 15,5% têm foco em candidatos com deficiência. Apenas 3% apontaram foco na questão da idade.
As empresas estão dispostas a repensar os seguintes pré-requisitos para contratar mais diversidade:
- faculdade de primeira linha: 30,7%
- inglês: 24%
- curso tecnólogo em vez de bacharel: 18,9%
- excel: 13,9%
- todas as opções: 47,3%
“Fica evidente que comportamentos e potencial do candidato ganharam força nas avaliações, em detrimento de requisitos técnicos como inglês, Excel e faculdades renomadas. Isso é um reflexo positivo do importante papel que os RHs têm na jornada de tornar as companhias brasileiras mais diversas”, diz o CEO da Companhia de Estágios.
Garantir uma boa experiência para os candidatos, fortalecer a marca empregadora entre os jovens talentos e reduzir o tempo dos processos seletivos são outros pontos de atenção para RH, segundo o levantamento:
- atrair os melhores candidatos para as vagas: 20,9%
- garantir mais diversidade entre os candidatos: 19,9%
- selecionar os candidatos mais qualificados: 17,6%
- promover uma boa experiência durante o processo: 13,5%
- fortalecer a marca empregadora e tornar a empresa mais conhecida entre estudantes: 11,1%
- selecionar em menos tempo: 6,1%
Fonte:G1