População rural usa a internet para tirar dúvidas e participar de eventos durante a pandemia | Globo Rural


Quando a pandemia começou, muitos agricultores pararam de receber visitas técnicas no campo. Frequentar aulas ou participar de exposições também parecia mais difícil em tempos de isolamento social.

Mas algumas iniciativas permitiram que esses encontros ocorressem de forma segura. E reuniram pessoas de todo o Brasil pelo computador e pelo celular .

A assistência técnica à distância se intensificou e foi um alívio para muitos produtores, como para o agricultor Antônio Porfirio, de Sobradinho, no Distrito Federal (DF).

Ele tinha receio de perder plantações por não saber controlar pragas, mas as visitas on-line o ajudaram e hoje ele comemora o fato de não ter que esperar cerca de 30 dias por uma assistência presencial. Porfirio até comprou um celular mais moderno para mandar fotos e vídeos para os técnicos.

Quem o atende do outro lado da tela é o agrônomo Thiago Campos. Ele faz cerca de 20 consultas por dia, mas conta que sente falta dos atendimentos presenciais para “examinar mais de próximo o paciente”, “olhar a raiz, cortar a planta, pegar no solo”.

Por outro lado, ele avalia que o modelo híbrido (presencial e on-line) veio para ficar.

O atendimento presencial ainda é muito importante porque tem muito produtor desconectado.

Segundo o Banco Interamericano de Desenvolvimento, mais da metade da população rural ainda não tem acesso à internet de qualidade.

“Nós não queremos criar exclusão de agricultores em relação às ferramentas digitais. A gente quer agilizar as demandas e o atendimento ao agricultor, mas sem perder de vista o falar de perto com o agricultor, que é a essência da extensão rural”, diz Helena Silva coordenadora de metodologia de extensão rural.

Quando a internet se expande pelo campo, a educação fica mais acessível. Exemplo disso foi o aumento dos cursos on-line.

Na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), por exemplo, os cursos virtuais gratuitos alcançaram 11 vezes mais pessoas depois da pandemia.

“A gente tem que buscar formas de levar para a sociedade aquilo que a gente produz, que é a pesquisa. O uso das plataformas virtuais para disseminação de conhecimento é uma coisa sem volta“, diz Marcelo Müller, engenheiro florestal da Embrapa Gado de Leite.

A Universidade do Cavalo, em Sorocaba (SP), também viu os números de seus cursos crescerem.

A instituição matriculou 5 vezes mais alunos virtuais durante a pandemia e passou a oferecer conteúdo ao vivo para os amantes de cavalo, em um evento chamado “Live de pista”, que chegou a reunir 30 mil pessoas de uma só vez.

Outro setor que se reinventou foi o de leilões e de concursos de animais.

Uma exposição das raças dos gados Simental, Simbrasil e Simlandês, por exemplo, que acontecia presencialmente em Itapetininga (SP), passou a ser totalmente on-line.

Os organizadores precisaram contratar uma equipe para filmar 40 candidatos ao prêmio. E o gasto saiu pela metade do valor que seria para deslocar todo o gado até a cidade paulista.

Uma das vantagens da exposição virtual é que o gado fica no ambiente que está acostumado, sem sofrer nenhum estresse.

O outro benefício é que mais animais podem participar. Na última edição, foram inscritos 500, bem mais do que nos eventos presenciais.

Além disso, a exposição teve leilões virtuais que faturaram mais de 10 vezes o valor da edição de 2019.

Saiba mais na reportagem completa no vídeo acima.

Vídeos: mais assistidos do Globo Rural



Fonte: G1