O Sistema de Plantio Direto (SPD) tem como pilares a manutenção de uma cobertura permanente do solo, também chamada de palhada, a rotação de culturas e o revolvimento mínimo do solo, que promove a preservação ambiental e a melhor produtividade no campo.
O método é bem adaptado às condições do solo brasileiro, sendo fundamental para impulsionar o Brasil como um produtores mundiais de grãos, como soja, milho e trigo. Agora, o sistema vem garantindo melhores rendimentos também na cultura da mandioca e de hortaliças.
Plantio Direto na produção de mandioca e hortaliças
O Sistema de Plantio Direto elimina o revolvimento do solo, mantendo a palha e outros restos vegetais provenientes de uma cultura anterior para o cultivo seguinte.
Essa prática aumenta a proteção contra a erosão, facilita a recuperação de áreas degradadas, conserva a água do solo e evita a perda de nutrientes, o que impulsiona a fertilidade do solo e eleva a produtividade das lavouras.
Segundo Bruno Vizioli, técnico do Departamento Técnico e Econômico (DTE) da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Mandioca e hortaliças são culturas que, em sistema convencional, necessitam de intensa mobilização do solo.
O plantio direto nas duas culturas é uma quebra de paradigma, pois são associadas a solos de baixa fertilidade, suscetíveis às adversidades climáticas e baixo retorno financeiro.
Mandioca
Na mandioca, a Embrapa identificou que a técnica pode aumentar a produtividade da cultura em até 50%, além de melhorar significativamente a qualidade do solo. O sistema surgiu como uma alternativa para tornar a atividade mais sustentável, pois o cultivo é conhecido por sua rusticidade e por extrair grandes quantidades de nutrientes do solo.
De acordo com Marco Antônio Rangel, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura, a ideia de adaptar o plantio direto ao tubérculo surgiu devido à suscetibilidade do solo de arenito à erosão, predominante na maior parte das áreas de cultivo no Centro-Sul do Brasil.
Os pesquisadores identificaram benefícios como a redução das perdas de solo, a diminuição dos custos de preparo da área e a melhoria da produtividade. O resultado foi o crescimento nas últimas quatro safras com o uso do método. A área saiu de 128,6 mil para 145,5 mil hectares, enquanto a produção saltou de 3 milhões para 4 milhões de toneladas.
Com o avanço das pesquisas, a Embrapa lançou, em 2016, a primeira variedade de mandioca para indústria adaptada ao SPD. É possível reduzir em cerca de 90% as perdas de solo, com economia em operações de preparo do solo e menor custo médio de R$ 1,5 mil por hectare. A produção de amido da mandioca cultivada no plantio direto pode aumentar em até 50%.
Caso de sucesso
O produtor rural Victor Vendramin, de Paranavaí, Paraná, teve economia no custo de produção com a redução nas operações de preparo do solo. Além disso, no sistema convencional, a umidade dura por sete dias, já em plantio direto com palha, permanece por até 30 dias. Solo mais úmido aumenta a janela de colheita e garante melhor comercialização.
Hortaliças
Já nas hortaliças, o Sistema de Plantio Direto de Hortaliças (SPDH), busca maximizar o potencial produtivo, enquanto reduz a necessidade de adubos, agroquímicos e água para irrigação. Segundo o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná), o agricultor gasta, em média, 30% menos para produzir hortaliças no método.
O uso do sistema nas hortaliças garante o bem-estar das plantas, reduzindo em 35% as perdas na colheita e a infiltração de água no solo chega a ser três vezes maior do que o convencional.
Segundo Josiane Bürkner dos Santos, pesquisadora do IDR-Paraná, as plantas de cobertura elevam o teor de matéria orgânica na terra, resultando em maior produtividade e melhor qualidade, além de reduzir os gastos com fertilizantes.
Ela afirma que a alta concentração de matéria orgânica controla a temperatura do solo, reduzindo o estresse térmico das plantas e a perda de água. Essa matéria orgânica ainda retorna por meio dos resíduos da cultura anterior.
A palhada também reduz a incidência de plantas daninhas, o que diminui a mão de obra para manejo e aplicação de defensivos químicos. As plantas de cobertura também têm a capacidade de captar carbono e fixar no solo, o que, a longo prazo, contribui para a redução da emissão dos gases de efeito estufa.
Caso de sucesso
Há dois anos, Leandro Jovinski, de Almirante Tamandaré, Paraná, abandonou o plantio convencional. No SPDH, o produtor conseguiu estabilizar a produção e diminuir a aplicação de agroquímicos, além de reduzir as perdas na colheita de 30% para no máximo 10%, aumentando os índices de produtividade.