Pesquisa coordenada pela UEL tenta criar mudas nacionais de morangos | Caminhos do Campo


Uma pesquisa coordenada pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), no norte do Paraná, tenta criar mudas de morangos nacionais. Atualmente, produtores dependem de mudas de países da Europa, do Chile e dos Estados Unidos.

A Rede de Morangos do Brasil é formada por laboratórios de várias entidades. A pesquisadora Laura Souza Santos, doutoranda em melhoramento genético do morangueiro, participa e é uma entusiasta do estudo.

“Nosso papel, aqui na universidade, é lançar tecnologias que vão melhorar a vida do produtor, a vida econômica dos agricultores”.

É um trabalho de 10 anos que começou com o cruzamento de oito cultivares de morango. Deste grupo, os pesquisadores tiraram 2 mil mudas e levaram para o campo e começaram a escolher os melhores exemplares.

Até que chegaram a 20 possíveis cultivares que podem mudar a produção de morango no país. Elas mostraram resistência ao calor e alta produtividade e estão prontas para serem testadas em larga escala no campo para ganharem o registro para uso comercial.

”Enquanto a média de produção é de 800 gramas por planta, nós selecionamos estes materiais com produção acima de um quilo por planta. É um rendimento de mais de 30%. E, além de mais adaptada, ela também é mais produtiva”, explica o chefe do Departamento de Agronomia da UEL, Juliano Rezende.

Visualmente, as plantas não são muito diferentes, mas os estudos já demonstram que são melhores na adaptação, na produtividade e até na resistência a pragas, facilitando a produção de orgânicos.

“O morango orgânico tem uma demanda muito grande. O que a gente tem de produto, praticamente, 100% é comercializado com preço interessante. Então, é uma alternativa de renda excelente, se o produtor tem essas cultivares que são mais resistentes a pragas”, diz Maurício Ursi, coordenador do programa Paraná Mais Orgânico.

Se tudo correr bem, a ideia é que até 2023 as cultivares já possam estar registradas e sendo plantadas por todo o país.

Pesquisa coordenada pela UEL tenta criar mudas nacionais de morangos — Foto: RPC/Reprodução

Luiz Barbosa de Oliveira, agricultor na região de Londrina, já se candidatou para testar o morango brasileiro. “Eu quero ser um dos primeiros a testar essas cultivares porque a gente vem acompanhando e vê que tem um bom potencial e produz muito bem, além do bom sabor que a gente aprecia nele.”

No sítio do produtor e estudante de agronomia, a pequena lavoura de morangos orgânicos ocupa 2 mil metros quadrados. O maior problema, neste momento, é o preço das mudas. Luiz comprou exemplares da Espanha e do Chile, mas ainda não recebeu toda a encomenda.

“Eu preciso de uma muda que chegue antes para que eu possa estender um pouco o tempo de colheita porque o morango, se você plantar em abril ou maio, é possível alongar a colheita até janeiro ou fevereiro do ano seguinte. Então, quanto mais tarde chega a muda, menor é o período de colheita”, reclama o produtor.

Os produtores de morango dependem de mudas que vem de outros países. O preço varia de R$ 1,30 a R$ 1,70, cada uma. Para plantar um hectare, por exemplo, o investimento supera os R$ 100 mil, só de mudas.

Além disso, as espécies que vem de fora precisam muito do frio para produzir. Até por isso, o morango não é produzido em qualquer lugar do Brasil.

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Fonte: G1