Pedras de vesícula de boi de quase R$ 1 milhão sem nota fiscal são apreendidas em caminhão


Pedras de vesícula de boi avaliadas em cerca de R$ 1 milhão – também conhecidas como pedra de fel ou pedra de boi – foram encontraram escondidas em um caminhão no município de Aragarças, região oeste de Goiás, nesta quarta-feira (16).

Segundo informações divulgadas pelo Comando de Operações de Divisas da Polícia Militar de Goiás, durante operação integrada com a Receita Estadual e a Delegacia de Polícia Civil da cidade, a apreensão foi de aproximadamente 1 kg do cálculo renal bovino.

Apreensão de pedras de vesícula de boi

Após denúncia anônima, a polícia encontrou o produto em embalagens escondidas no caminhão de uma transportadora do Estado de Rondônia que vinha com destino à Anápolis-GO.

A apreensão foi feita, depois que o motorista responsável pelo transporte, não apresentou nota fiscal como documentação obrigatória da carga. O caminhão, o motorista e o material apreendido foram encaminhados para a delegacia de Aragarças.

A polícia acredita que as pedras de vesícula de boi seriam comercializadas clandestinamente no mercado internacional, principalmente países asiáticos, que a utilizam como ingrediente para fabricação de medicamentos.

Mercado regularizado no Brasil

Cálculo renal bovino é retirado do animal durante processo de abate. Cálculo renal bovino é retirado do animal durante processo de abate.
Cálculo renal bovino é retirado do animal durante processo de abate. Foto: Fotojet/ABCZ/

No Brasil existe um sistema totalmente legal na cadeia produtiva da carne bovina, para exportar os cálculos de vesícula de bovino produzidos. O mercado, extremamente específico, movimenta cerca de R$ 1,5 bilhão por ano, valendo até três vezes mais que a grama de ouro ou R$ 1 milhão o quilo. Estados Unidos e China são quem mais compram dos frigoríficos brasileiros, além de outros países como Coreia do Sul e Japão.

As pedras de fel ou pedras de boi são coletadas durante o abate dos animais nos frigoríficos e vendidas a cerca de R$ 300 a grama no mercado brasileiro. Por isso, com a possibilidade de altos ganhos, criminosos furtam e roubam o item para comercializar no mercado negro.

O Brasil é um dos maiores produtores das pedras de vesícula de boi do mundo. Segundo pesquisadores, para produzir 1 quilo de cálculo biliar bovino, 200 mil cabeças de gado precisam ser abatidas, já que nem todos os animais possuem cálculo.

Produção

Produto é usado no tratamento de doenças na medicina asiática. Produto é usado no tratamento de doenças na medicina asiática.
Produto é usado no tratamento de doenças na medicina asiática. Foto: Envato

Todo esse valor agregado é devido à oferta escassa do produto. O material super valorizado é usado na medicina tradicional chinesa no tratamento de convulsões, desmaios, febre, doenças hepáticas, ansiedade e insônia, sendo um dos ingredientes de diversos medicamentos.

A pedra é formada dentro da vesícula do boi, resultado do acúmulo de sais neste órgão de alguns animais ruminantes, quando o fígado está desequilibrado e não funciona bem, o que está ligado à alimentação de rebanhos em regiões com pastagens plantadas em solos com elementos alcalinos, segundo especialistas.

Animais bovinos mais velhos possuem maior tendência de ter cálculo renal. Cada um, pode gerar um tamanho formato ou cor com tons alaranjados diferentes.

A indústria frigorífica ressalta, que a presença do cálculo renal no animal bovino não afeta a qualidade e a segurança da carne para consumo humano.



Portal Agro2