Para 93%, falta ação das empresas para a saúde mental dos funcionários, mostra pesquisa | Concursos e Emprego


Apesar de as empresas reconhecerem a importância da saúde mental entre os funcionários, falta uma ação efetiva por parte delas. É o que mostra um levantamento elaborado pela Kenoby, software de recrutamento e seleção, realizado em fevereiro e março deste ano.

Entre os 488 profissionais de RH entrevistados de empresas com até 500 funcionários, 93% reconheceram que falta um olhar das empresas, no geral, para a saúde mental da equipe – apesar de 67,3% afirmarem que a empresa leva em consideração o tema saúde mental na hora de avaliar a expectativa dos colaboradores.

Em 71,1% das empresas, não existe uma área ou pessoa dedicada à saúde mental dos colaboradores.

O levantamento mostra ainda que 67,4% responderam que na empresa onde trabalham já aconteceram afastamentos de colaboradores por algum problema emocional.

Ainda segundo o levantamento, para 60% dos entrevistados, é uma prioridade para a empresa contratar uma pessoa ou criar um departamento de saúde mental.

Mas 53,4% dos pesquisados não souberam dizer em quanto tempo a empresa pretende investir nesta área. Outros 35% responderam em menos de um ano e, 5,5%, nos próximos dois anos.

Questionados se na empresa existem benefícios voltados para melhorar o bem estar e saúde mental das pessoas, 38,7% responderam que não, mas que estudam a possibilidade. Outros 37,7% responderam que têm soluções e 23,6% que não têm e não é uma prioridade para este ano.

Os entrevistados elencaram os principais motivos que levam a problemas mentais no trabalho. A falta de diálogo, feedback e espaço para opiniões predominaram nas respostas. Veja abaixo:

  • Falta de diálogo da liderança: 19,1%
  • Assédio moral e constrangimentos: 18,9%
  • Falta de diálogo com o colaborador: 18,7%
  • Falta de feedbacks constantes: 16%
  • Falta de espaço para opiniões: 15,2%
  • Metas difíceis de ser batidas: 12,3%

Perguntados se a saúde mental pode impactar o trabalho e a empresa, 36,6% responderam que traz efeitos na produtividade individual e do time como um todo. Outros 23,3% na falta de engajamento de ações internas, 19,6% no aumento da rotatividade de funcionários e 16,1% na imagem da marca empregadora da empresa.

Pandemia trouxe a saúde mental à tona

Para Felipe Sobral, diretor de marketing da Kenoby, a pesquisa mostra que a pandemia fez as empresas ficarem mais atentas à questão da saúde mental dos funcionários.

“A pandemia acelerou esse pensamento, e ainda que a tomada de decisão não seja tão visível, favoreceu esse início de mudança. Acendeu o sinal de alerta para como as corporações estavam olhando e lidando com esse assunto. No meu ponto de vista, a mudança deve ocorrer, primeiro, na estrutura do modelo de trabalho e na cultura”, diz.

Segundo Sobral, as empresas estão olhando para o bem-estar dos funcionários, porém à distância, devido à Covid-19, e muitas estão procurando por onde começar.

“Muitos profissionais, além de estarem aflitos por conta do vírus, carregam a dor do luto pela perda de amigos e parentes, e somado a isso tudo, passaram a trabalhar no modelo home office, e isso os forçou a uma adaptabilidade e necessidade do dia para noite, e isso acaba gerando exaustão”, comenta.

Em relação ao fato de a falta de diálogo estar entre os principais motivos que levam a problemas mentais no trabalho, Sobral concorda que a prática é crucial para minimizar os efeitos na saúde mental no colaborador.

“Mas só faz sentido se o gestor deixar o colaborador à vontade, sem fazer juízo de valor, e dedicar a agenda para papos periódicos, rodas de conversas, trocas de feedbacks, e não apenas focar em reuniões de trabalho e estipular metas. A pandemia, novamente, escancarou essa necessidade urgente”, diz.



Fonte: G1