Para 50% dos bancos, projeções de crescimento do PIB para 2022 têm forte viés de queda, segundo Febraban | Economia


As projeções de crescimento do PIB para 2022 têm forte viés de queda para 50% dos bancos ouvidos em pesquisa da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), feita após reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).

Essa percepção ocorre em função da elevação da taxa Selic para acima do patamar neutro, incertezas fiscal e política, redução dos estímulos monetários nos EUA, entre outros fatores.

Para 44,4% dos entrevistados, os riscos estão equilibrados e um crescimento em torno de 2,0% é o mais provável. Já 5,6% dos bancos ouvidos não escolheram nenhuma das opções. Nenhum deles vê viés de alta nas perspectivas para a atividade econômica.

PIB brasileiro encolhe 0,1% no segundo trimestre

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Já com relação à inflação, a preocupação é que a maior persistência inflacionária contamine as projeções de 2022. Segundo a pesquisa, a maioria dos participantes (55,6%) entende que as projeções de inflação no próximo ano estão calibradas, pouco acima do centro da meta, em torno de 3,90%.

Para 22,2%, as projeções para 2022 devem seguir em alta, e a resposta do Banco Central deveria ser muito mais dura do que a sinalizada até o momento. Outros 11,1% dizem que as projeções devem recuar para o centro da meta até o fim do próximo ano. Eles acreditam que a maioria dos choques deve se dissipar e, eventualmente, até reverter no próximo ano, o que em conjunto com política monetária contracionista, deve levar a uma forte desaceleração da inflação. Uma parcela de 11,1% não escolheu nenhuma das alternativas.

De acordo com a Febraban, 88,9% dos participantes entenderam como adequada a elevação de 1 ponto percentual da Selic ocorrida na reunião de agosto, assim como o tom do comunicado do Banco Central e a indicação de outro aumento de mesma magnitude na próxima reunião.

Os entrevistados acreditam que haverá nova alta de 1 ponto percentual na reunião do Copom de setembro, seguida por uma alta de 0,75 em outubro, e outro ajuste de 0,5 ponto em dezembro, com a Selic finalizando o atual ciclo de ajuste em 7,5%.

A carteira total de crédito deve se manter em um ritmo de expansão elevado e crescer 11,3% em 2021. A projeção é superior à registrada na última edição do levantamento (+10,3%), feita em junho, com destaque para a carteira pessoa física com recursos livres, cuja projeção de crescimento passou de 12,6% para 15,6%, impulsionada pelo processo de reabertura da economia e do avanço da vacinação no país, o que favorece especialmente as linhas ligadas ao consumo.

“No geral, as estimativas mostram que a oferta de crédito seguirá se expandindo no segundo semestre, reforçando a percepção de recuperação da atividade econômica e a relevância do crédito para este crescimento. O crédito destinado às famílias deve se manter como o principal responsável pelo crescimento da carteira neste ano, embora o crédito destinado às empresas também deva apresentar um crescimento relevante”, afirma em nota Rubens Sardenberg, diretor de Economia, Regulação Prudencial e Riscos da Febraban.

Quanto às projeções para 2022, os entrevistados esperam uma expansão de 7,8% da carteira total de crédito, praticamente estável em relação à pesquisa anterior, quando a alta esperada era de 7,7%. Segundo a Febraban, neste caso, as revisões para baixo do desempenho da economia brasileira em 2022, diante das incertezas fiscais e políticas e o aumento da taxa Selic, tendem a conter a melhora das expectativas.

Outro sinal positivo captado pela pesquisa foi a melhora das projeções de inadimplência da carteira livre, tanto para este ano quanto para 2022. Para 2021, a nova projeção recuou 0,1 ponto percentual, para 3,4%, enquanto a taxa esperada para 2022 também declinou na mesma magnitude, de 3,7% para 3,6%. Ambas as projeções seguem abaixo do patamar pré-pandemia, quando a taxa estava próxima dos 4%, sinalizando que, apesar da alta esperada, esta deve continuar em patamar controlado.



Fonte:G1