Com as transformações nos hábitos de consumo trazidas pela pandemia, a indústria do audiovisual ainda está às voltas com discussões sobre quais modelos de negócio irão perdurar. O que ninguém discute, porém, é o peso desse filão para a economia mundial.
No Brasil, o setor gerou R$ 24,5 bilhões para o PIB interno e mais de 126.000 empregos em 2019. No total, os impactos diretos, indiretos e induzidos do audiovisual são significativamente maiores, com participação de R$ 55,8 bilhões no PIB e mais de 657.000 empregos gerados.
Só em impostos foram arrecadados R$ 3,4 bilhões em 2019. Considerando também impactos indiretos e induzidos, o valor arrecadado em tributos pelo setor salta para R$ 7,7 bilhões.
Os números são de um estudo encomendado pela Motion Picture Association (MPA) à Oxford Economics. A opção por usar dados de 2019 foi feita para evitar justamente as distorções trazidas pela pandemia entre os anos de 2020 e 2022. Ano típico para o setor, 2019 é base para que depois sejam também analisadas as mudanças pós-pandemia.
O trabalho da Oxford ainda revelou que a indústria audiovisual tem um efeito multiplicador no PIB do Brasil de 2,3. Isso significa que para cada R$ 10 milhões injetados na economia pelo setor em 2019 houve uma contribuição adicional no valor de R$ 13 milhões
“Somos diretamente responsáveis por uma parcela do PIB maior do que a gerada pela fabricação de carros, caminhões e ônibus, por exemplo”, explica Andressa Pappas, diretora da MPA, que reúne seis dos maiores estúdios de cinema do mundo.
A contribuição do setor também passa pela balança comercial brasileira. Em 2019, as exportações do audiovisual registraram um superávit de R$ 901 milhões. Para efeito de comparação, o valor equivale a quase um terço de todas as exportações da indústria de transporte aéreo.
Sem falar que o Brasil está impulsionando e exportando talentos criativos para um mercado internacional em ebulição. Com a demanda crescente em todo o mundo, as exportações brasileiras de serviços audiovisuais subiram 10% entre 2019 e 2020.
A produção de títulos originais no país também aumentou consideravelmente nos últimos anos. Estúdios e plataformas de streaming estão comprometidos em continuar investindo em produção local, assim valorizando a cultura nacional e atraindo milhões de espectadores no Brasil e ao redor do mundo.
O sucesso das produções locais ainda deve impactar outras áreas, como a de turismo. Não faltam evidências que ilustram os efeitos que a produção audiovisual pode ter nesse setor. Um estudo já mostrou que Roraima, por exemplo, teve um aumento de 525% no interesse como destino turístico depois da exibição da novela “Império”, da Globo, que teve o estado como locação para as filmagens.
Com uma produção de conteúdo cada vez mais globalizada, cresce também a exigência por infraestrutura e capacitação. “Para tornar o ambiente mais competitivo, a exigência pela profissionalização também se torna mais significativa”, explica Andressa.
A Colômbia, para ficar em um exemplo da América do Sul, está desenvolvendo programas de capacitação de profissionais para educar e treinar uma força de trabalho mais consolidada para produções internacionais.
Em 2019, a produtividade dos funcionários do setor audiovisual do Brasil foi três vezes maior do que a média nacional. Enquanto a contribuição para o PIB por funcionário brasileiro foi de R$ 60.000 em média, a dos funcionários do audiovisual foi de R$ 193.400.