O que o setor de máquinas espera de Mercadante no BNDES


O presidente-executivo da Abimaq, José Velloso, afirmou que a chegada de uma nova gestão ao BNDES, que passará a ser comandado por Aloizio Mercadante no próximo governo Lula, renova a expectativa do setor de máquinas e equipamentos pela redução do custo de se tomar dinheiro emprestado no banco de fomento.

Segundo ele, atualmente a TL, a taxa de longo prazo do banco, não é atrativa para a indústria que compra máquinas financiadas em cinco anos ou mais. Com a taxa básica de juros alta e a remuneração alta dos títulos públicos, muitos empresários, disse, preferem investir no mercado financeiro ao invés de aportar recursos na ampliação da produção.

A TL passou a vigorar em substituição à chamada TJLP, que era a taxa de juros subsidiada do banco. Velloso afirmou que a indústria não concorda com taxas subsidiadas para qualquer financiamento por trazerem problemas fiscais para o governo. Ele defendeu uma mudança no cálculo da TL, reduzindo a remuneração do FAT, o Fundo de Amparo ao Trabalhador, cujos recursos financiam os empréstimos do BNDES.

A discussão foi levada ao gabinete de transição do próximo governo de Lula. Ainda não há uma definição do que será feito com a taxa de juros do BNDES, mas há um consenso no mercado de que o banco, que passou os últimos quatro anos mais focado nas operações de concessão na área de saneamento básico, irá retomar com mais força o seu papel no financiamento de projetos de infraestrutura de uma maneira geral e também de que as micro e pequenas empresas terão atenção especial da nova gestão.

Velloso explicou que as grandes empresas conseguem recursos com condições mais favoráveis no mercado e que, com a mudança na taxa do BNDES, as micro, pequenas e médias empresas ficaram sem opções de financiamentos mais competitivos.

“A TL considera a remuneração do FAT a preço de mercado, além do lucro do BNDES e o spread do banco repassador. No final, o empresário paga taxas de 20% a 22% ao ano, muito acima das de mercado. Acaba não fazendo sentido investir na produção. Defendemos não o subsídio, mas uma redução do percentual de remuneração do FAT para que no final, depois dos ganhos dos bancos, o tomador do empréstimo tenha ainda assim uma taxa atrativa”, disse Velloso ao Radar.

Estudos da Abimaq indicam que nos últimos anos 80% dos recursos usados para a compra de novas máquinas são próprios das empresas, algo que não é comum, já que geralmente usam empréstimos para financiar a ampliação da sua capacidade produtiva.

“Existe uma demanda muito grande por financiamento, dado o passivo de investimento nos últimos anos. Tem otimismo com a nova gestão, no sentido de que está na hora de se resolver o custo de capital no país. Acho que poderíamos chegar em 2024 com algo em torno de 21% de investimento em relação ao PIB. Isso só seria possível com uma mudança, porque nunca esteve tão alto o custo de capital no Brasil”, disse.

 

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