A disseminação de notícias falsas, que ganhou os holofotes com as eleições de 2018 e não saiu mais do foco, tem grande impacto em reputações. E não é só na política que há esse estrago. Fake News também geram consequências nos negócios. Segundo uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje), 50% dos entrevistados já foram alvos da publicação de fake news e que a grande maioria das participantes (92%) tem preocupação com as fake news e realiza monitoramento de notícias na mídia sobre a própria marca.
Participaram do estudo 62 organizações. A quase totalidade das organizações participantes são privadas (82%). A maioria (53%) tem o capital com origem brasileira, está localizada em São Paulo (57%) e tem mais de 1.000 colaboradores (58%).
Segundo os entrevistados, os principais impactos das fake news nas empresas são, em ordem, danos causados à reputação da marca, danos à imagem da organização, perdas econômicas financeiras e danos à credibilidade da organização. Também foram considerados danos pelo envolvimento em processos judiciais, danos à reputação da liderança da organização e qualidade dos produtos e serviços.
Tanto as organizações (50%) quanto os setores em que atuam (66%) já foram alvos da publicação de notícias falsas. A ocorrência teve uma frequência maior nos setores, 59% entre média e alta, uma vez que nas organizações foi de 26%. A publicação de fake news causou impacto econômico financeiro maior quando o setor foi alvo, com 58% entre pequeno, médio e grande. Quando nas organizações esse impacto foi de 39%.
De acordo com Hamilton dos Santos, diretor-executivo da Aberje, a pesquisa tem por objetivo conhecer a dimensão do problema e os mecanismos que podem contribuir para mitigar a propagação das fake news. “Percebemos que há uma necessidade crescente nas organizações de incluir a desinformação no compliance, na matriz de riscos e como parte do atendimento aos critérios ESG”.
As organizações participantes, em sua maioria (57%), têm um comitê estruturado para lidar com uma eventual desinformação. A área de Comunicação é integrante do comitê em todas as organizações, seguida pelas áreas Jurídica (89%) e Recursos Humanos (66%). A Presidência Superintendência participa em 80% dos comitês.
O monitoramento de redes sociais (90%) e o de notícias na mídia (89%) são as atividades analíticas relacionadas a fake news mais realizadas atualmente pelas organizações participantes. A parceria com agências de checagem é realizada por 13% das organizações participantes.
Acesso a informação
Para 90% dos participantes, as informações mais confiáveis são as encontradas nos veículos tradicionais (jornais e revistas impressos ou online), enquanto que as menos confiáveis são as encontradas nas redes sociais (82%).
Os principais canais acessados para fins de informação relevante são, para as organizações participantes, os “jornais e revistas online (81%)” e as “redes sociais (61%)”. Também são acessados: “as agências de notícias (48%)”, “os jornais impressos (32%)” e “a televisão (19%)”.
Os participantes acreditam que as redes sociais (95%) são as que mais publicam fake news, seguida dos blogs e fóruns online (76%) e do compartilhamento entre amigos e familiares (61%). As mídias tradicionais, como jornais impressos e revistas impressas, as agências de notícias e o rádio, praticamente não foram citados pelos participantes como publicadores de fake news.
Para a maioria dos participantes (76%), as plataformas de redes sociais não têm feito o suficiente para auxiliar os usuários na verificação da veracidade de uma publicação antes de seu compartilhamento. Também acreditam que as plataformas são as principais responsáveis por tomar medidas de combate a fake news.