Negociações de BDRs crescem quase 9 vezes com pequenos investidores; veja as ações estrangeiras mais requisitadas | Economia


Os BDRs são títulos lastreados em ações de empresas estrangeiras, mas negociados dentro do Brasil. São uma alternativa para investir em companhias como Apple, Amazon, Google e outras sem a necessidade de abrir conta em corretoras fora do país.

Antes de outubro, apenas os chamados “investidores qualificados” podiam comprar e vender esses títulos. Uma nova regulamentação, permitindo acesso a todos, foi formulada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e autorizada naquele mês pela B3, bolsa de valores de São Paulo.

Mesmo com a estreia apenas no dia 22, as negociações no mês de outubro subiram 248%, para 207 mil. No mês seguinte, nova alta de 127%, para 472 mil.

A facilidade de comprar e vender esses ativos (liquidez) era uma preocupação do mercado antes da liberação aos pequenos investidores. Em dezembro de 2019, por exemplo, os BDRs apresentaram apenas 2,7 mil negociações.

Para o investidor, a dificuldade de se desfazer de um ativo quando precisa daquele dinheiro representa o chamado “risco de liquidez”. Como os números de 2020 apresentam bons resultados, a questão acabou pacificada.

BDRs são liberados para pequenos investidores nesta quinta-feira (22)

BDRs são liberados para pequenos investidores nesta quinta-feira (22)

Levando-se em conta que a entrada forte foi de pequenos investidores, o volume médio diário das negociações subiu com menos vigor. Outubro chega a registrar queda em relação a setembro, momento em que os detentores de BDRs se posicionavam para a mudança de mercado.

Antes de setembro, aponta a Economatica, o volume médio diário não passava de R$ 100 milhões. Subiu para R$ 189,3 milhões em setembro. Cai para R$ 125 milhões em outubro e, então, rompe a barreira dos R$ 200 milhões: foram R$ 238,4 milhões em novembro e R$ 274,4 milhões em dezembro.

Dentre os BDRs disponíveis na B3, o maior volume médio diário em 2020 foi da Tesla. A empresa colheu retorno de 997,5% no ano, considerando o real como moeda, e 751,2% em dólar. Esse impulso enorme da empresa fez de Elon Musk, seu fundador, o homem mais rico do mundo nesta semana.

Veja a lista das 10 ações mais negociadas em 2020, seu retorno em reais e volume diário de negociações.

  1. Tesla (EUA): 997,5% – R$ 10,2 milhões/dia
  2. Mercado Libre (ARG): 227,8% – R$ 8,4 milhões/dia
  3. Apple (EUA): 135,8% – R$ 7,4 milhões/dia
  4. Amazon.com (EUA): 130,9% – R$ 6,7 milhões/dia
  5. Microsoft (EUA): 83,5% – R$ 5,1 milhões/dia
  6. Alphabet/Google (EUA): 67,4% – R$ 4,67 milhões/dia
  7. Facebook (EUA): 72,1% – R$ 4,64 milhões/dia
  8. Alibaba (China): 42,9% – R$ 3,4 milhões/dia
  9. Walt Disney Co (EUA): 62,8% – R$ 2,5 milhões/dia
  10. Berkshire Hathaway (EUA): 30,1% – R$ 2,4 milhões/dia

O acesso aos BDRs era um pedido antigo de entidades do mercado, em especial depois que empresas brasileiras muito esperadas na bolsa decidiram abrir capital fora do país, como a XP Inc, PagSeguro e Stone. A Comissão de Valores Mobiliários havia aprovado a abertura de negociação de BDRs em agosto, mas a B3 pediu mais tempo para criar um regulamento próprio.

A B3 determinou que só serão acessíveis os BDRs não patrocinados e de “mercados reconhecidos”. Inicialmente, foram assim classificados a Nyse (New York Stock Exchange) e da Nasdaq Stock Market (“Nasdaq”). Segundo a B3, serão avaliados posteriormente a inclusão de outras bolsas estrangeiras.

O intervalo também serviu para que corretoras adaptassem os seus canais para que os serviços de home brokers pudessem oferecer a alternativa ao público de varejo. No dia 20 de outubro, a CVM deu aval à alteração do Regulamento para Listagem e do Manual do Emissor da B3, permitindo que se abram as negociações.

Desde 22 de outubro, as negociações foram abertas para qualquer investidor.

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Fonte: G1