Na primeira reunião de 2021, Copom deve manter juro básico em 2% ao ano, prevê mercado | Economia


Se confirmada a previsão do mercado financeiro, essa será a terceira vez consecutiva em que a taxa será mantida. A decisão será anunciada pelo BC por volta das 18h30.

Copom mantém taxa básica de juros da economia em 2% na última reunião de 2020

Copom mantém taxa básica de juros da economia em 2% na última reunião de 2020

A definição da taxa de juros se dá em meio à alta dos preços das “commodities” (produtos com cotação internacional, como petróleo, minério de ferro e soja) e à valorização do dólar, a moeda norte-americana. Esses fatores pressionam a inflação no começo deste ano.

Por outro lado, a economia dá sinais de desaquecimento no início de 2021 em relação ao registrado no último semestre do ano passado.

O fim do auxílio emergencial do governo federal, segundo economistas, está contribuindo para o fraco nível de atividade no primeiro trimestre — e atuando para conter a inflação.

Como é tomada a decisão

O Copom fixa a taxa básica de juros com base no sistema de metas de inflação, olhando para o futuro pois as decisões demoram de seis a nove meses para terem impacto pleno na economia.

Neste ano, a meta central é de 3,75%, mas o IPCA pode ficar entre 2,25% a 5,25% sem que a meta seja formalmente descumprida. Para 2022, a meta central é de 3,5% e será oficialmente cumprida se o índice oscilar de 2% a 5%.

Em 2020, pressionado pelos preços dos alimentos, o IPCA somou 4,52%, acima do centro da meta para o ano, que era de 4%, mas dentro do intervalo de tolerância. Foi a maior inflação anual desde 2016.

A evolução da taxa Selic

Desde 2017, em % ao ano

Fonte: Banco Central

Avaliação dos economistas

Com fraco nível de atividade no começo deste ano, apesar de pressões inflacionárias decorrentes da alta das “commodities”, economistas dos bancos consultados pelo Banco Central, em pesquisa semanal, veem juros começando a subir somente a partir de agosto. A previsão é de que a taxa termine 2021 em 3,25% ao ano.

Na semana passada, em videoconferência com investidores, o diretor de Política Monetária do BC, Bruno Serra, confirmou que a economia terá uma “desaceleração natural” por conta do fim do auxílio emergencial e explicou que o aumento recente dos preços das “commodities” decorre de:

  • auxílios fiscais no Brasil, e em outros países, que gerou aumento do consumo;
  • decisões de alguns países limitarem a produção de petróleo, elevando seu preço;
  • dificuldades climáticas na produção de alimentos, que também gera alta.

Com o fim do auxílio emergencial no começo deste ano, Daniel Xavier, economista sênior do banco ABC Brasil, estimou que o Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre virá próximo de zero, ou seja, sem crescimento. Por outro lado, os preços das “commodities”, em conjunto com as pressões do dólar alto, tendem a pressionar a inflação no curto prazo, acrescentou o analista.

“As pressões de inflação que são vistas hoje em dia estão muito associadas ao comportamento de ‘commodities’, mais o real depreciado. Então, são elementos voláteis da inflação e, para olhar a tendência, é bom olhar os núcleos [de inflação], que estão rodando ainda em taxas baixas. A tendência ainda é moderada [para a inflação]. Boa parte desse choque tem caráter transitório”, declarou Xavier.

Ele projeta aumento do juro básico da economia a partir de agosto, momento no qual o Banco Central já estará fixando os juros com base na meta de inflação de 2022, que é de 3,5%, ou seja, menor do que o objetivo central deste ano (3,75%). “Nosso cenário base é de inicio das altas em agosto, em ritmo moderado de 25 basic points [0,25 ponto percentual]”, concluiu.

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Fonte: G1