Mundo terá ‘pequeno’ déficit de açúcar após 3 anos de excedente, diz Sucden | Agronegócios


O mundo deverá enfrentar “pequeno” déficit de açúcar na safra global 2020/21 (outubro/setembro), após três ciclos de superávit seguidos, diante da produção menor do que a esperada para o Brasil neste ano e em outros países produtores importantes, avaliou nesta quarta-feira o trader sênior da corretora de mercadorias Sucden, Ulysses Carvalho.

Em 2020/21, alguns países terão recuperação de safra no hemisfério norte, principalmente a Índia, mas a produção no México, Estados Unidos, União Europeia e Tailândia deve ser mais fraca, assim como na Rússia, de acordo com dados da Sucden, durante apresentação em conferência da Datagro.

“A safra do hemisfério norte, portanto, vai se recuperar apenas parcialmente, enquanto a produção do centro-sul do Brasil em 2020/21 (outubro/setembro) deverá diminuir devido à menor quantidade de sacarose disponível…”, disse a Sucden, explicando o déficit.

A empresa ressaltou que o cenário equilibrado no mercado global já ocorre com um “mix” do centro-sul do Brasil, que é o maior produtor mundial, maximizado para açúcar.

“O centro-sul não oferecerá açúcar adicional no caso de um aumento de preços e não poderá socorrer o mercado em caso de algum acidente em outras safras”, afirmou a trading, lembrando que a produção do Brasil deverá recuar na temporada.

De outro lado, os preços em recordes nominais no mercado brasileiro estão elevando o nível de rentabilidade do negócio para as empresas do país, o que deve trazer perspectivas muito boas para a desalavancagem das empresas e uma próxima safra com resultados ainda melhores, disse o trader.

“Isso é importante, o Brasil tem tido números limitados de ATR (Açúcar Total Recuperável), e isso é importante para que o Brasil possa responder… o mundo precisa do Brasil no açúcar”, comentou Carvalho.

Segundo o especialista, a ausência da Tailândia como um fornecedor “proeminente”, deve se repetir em 2021, colaborando para o aperto na oferta.

No lado da demanda, a Sucden prevê um cenário “sustentado”, mas com menor intensidade ante 2020, com a China e Indonésia importando menores volumes em 2021, após chineses acumularem estoques por meio de importações recordes no ano passado.

A produção do centro-sul do Brasil na safra, que começa em abril, deve cair para intervalo de 36 milhões a 36,5 milhões de toneladas, disse a Sucden.

A estimativa está próxima da projeção da consultoria Datagro, divulgada também nesta quarta-feira, que prevê uma redução de aproximadamente 2 milhões de toneladas ante o período anterior.

Por problemas climáticos, a safra de cana do centro-sul do Brasil em 2021/22 deve cair para intervalo de 575 milhões a 580 milhões de toneladas, disse o executivo da Sucden, apontando números menores do que o projetado pela Datagro (586 milhões de toneladas).

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Fonte: G1