Mourão defende ampliar comércio com a China e diz que governo brasileiro deve atuar de forma ‘ordenada’ junto ao governo chinês | Política


O vice-presidente Hamilton Mourão defendeu nesta quinta-feira (26) ampliar e diversificar as relações comerciais com a China e declarou que o governo brasileiro precisa atuar de forma “ordenada” para informar suas prioridades ao governo chinês com “clareza e objetividade”.

Mourão participou de uma videoconferência promovida pelo Conselho Empresarial Brasil-China, que produziu um estudo sobre as perspectivas da relação entre os dois países.

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão — Foto: Guilherme Mazui/G1

O vice, que representa o Brasil na Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban), discursou dois dias após a embaixada da China no Brasil repudiar mensagens publicadas em uma rede social pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro e presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara.

O deputado escreveu na noite de segunda-feira (23) — e depois apagou na terça (24) — mensagem sobre o 5G, a internet móvel de quinta geração. Na mensagem, dizia que o governo brasileiro declarou apoio a uma “aliança global para um 5G seguro, sem espionagem da China”.

Mourão não abordou o 5G no discurso, porém destacou que a China é o principal parceiro comercial do Brasil e que as economias dos dois países se complementam. Para ele, o governo brasileiro deve atuar de forma ordenada, pois a parceria oferece condições de ampliar os negócios com chineses para além do agronegócio.

“Os diferentes setores do governo brasileiro precisam atuar de maneira ordenada em seu engajamento com o governo chinês, comunicando nossas prioridades com clareza e objetividade. A complementariedade entre as economias de Brasil e China oferece bases sólidas para expandir e diversificar a relação nos mais diferentes setores”, disse Mourão.

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O vice frisou a importância das exportações de produtos brasileiros para China no desenvolvimento do agronegócio brasileiro. Ele defendeu estender essa relação para outros setores da economia.

“Precisamos agora lançar o olhar para o futuro, de modo a encontrar meios de ampliar e diversificar as relações existentes, criando oportunidades para outros setores da nossa economia e da nossa sociedade”, disse.

Mourão ainda relatou que o governo trabalha para identificar as prioridades do Brasil na relação bilateral e na proposta de reforma da Cosban, a fim de tornar a comissão mais eficiente. O próximo encontro da comissão será em 2021 no Brasil.

Antes da videoconferência, Mourão foi perguntado em entrevista se as mensagens publicadas pelo deputado Eduardo Bolsonaro a respeito da China e do 5G podem atrapalhar a relação com o país asiático. Mourão minimizou o episódio.

“Estamos trabalhando aqui de forma objetiva, mantendo contato com a nossa contraparte da China. A gente segue o nosso trabalho normal do governo”, disse Mourão.

A implementação da tecnologia 5G virou uma disputa entre China e Estados Unidos. O governo norte-americano acusa as empresas chinesas de espionagem. A China diz que os Estados Unidos utilizam o argumento da soberania nacional para prejudicar empresas chinesas.

Ao responder a mensagem de Eduardo Bolsonaro contra a participação da tecnologia da China no 5G no Brasil, a embiaxada afirmou que as declarações do parlamentar seguem “os ditames dos Estados Unidos de abusar do conceito de segurança nacional para caluniar” o país asiático e cercear as atividades de empresas chinesas.

Na nota, os representantes chineses também disseram que as falas do deputado são “infundadas” e “indignas” com o cargo de presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara.

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Mourão, que também preside o Conselho da Amazônia, declarou que o mundo buscará, após a pandemia do coronavírus, um “modelo de desenvolvimento econômico muito mais verde e tecnológico”.

O vice considera que a China é um dos “poucos” parceiros no mundo capazes de impulsionar o desenvolvimento sustentável no Brasil, que não abre mão de tomar decisões soberanas.

“Não basta reprimir [crimes ambientais]. É preciso agregar valor, gerar renda e criar empregos de qualidade a partir de atividades sustentáveis. Para enfrentar esse desafio, poucos parceiros internacionais contam com capacidade e recursos tecnológicos e financeiros com a China”, afirmou.

Mourão ainda lembrou que o presidente chinês Xi Jinping citou na última assembleia-geral das Nações Unidas a importância de uma “revolução verde”.



Fonte: G1