Milho tiguera precisa ser retirado das lavouras para prevenção de doenças na soja


O milho tiguera – também chamado de milho voluntário – são plantas que surgem nas lavouras onde o milho foi cultivado na safra anterior ou sementes do grão foram trazidas de sobras de outras áreas que tiveram colheitas inadequadas, pelo vento ou por animais.

É considerada uma planta daninha na produção de soja, por isso deve ser realizada o manejo de destruição do milho tiguera, que é considerado ‘ponte verde’ para proliferação de pragas e doenças, a fim de evitar perdas de produtividade na safra.

Milho tiguera e os impactos nas lavouras

Tiguera contribui para a proliferação da cigarrinha do milho. Tiguera contribui para a proliferação da cigarrinha do milho.
Tiguera contribui para a proliferação da cigarrinha do milho. Foto: Charles Martins de Oliveira/Embrapa

A planta invasora tem potencial para reduzir até 65% da produtividade da lavoura de soja ao competir com a cultura por água, luz e nutrientes durante o ciclo produtivo. Além disso, o milho tiguera pode aumentar os custos do agricultor com uso e aplicação de herbicidas.

Sem o manejo pré-plantio da soja, que é feita a pulverização de herbicidas nos restos culturais de milho da safra anterior, as sementes de milho que tenham sobrado de uma colheita ineficiente por máquina mau regulado, que se tornam as plantas daninhas e tigueras conseguem se desenvolver antes mesmo da germinação da cultura da soja.

O milho tiguera também favorece a multiplicação da cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis), que transmite bactérias (espiroplasma e fitoplasma), pertencentes à classe dos Mollicutes, que causam os enfezamentos pálido e vermelho.

De acordo com a Embrapa, os enfezamentos do milho têm se destacado entre as doenças mais preocupantes para a cultura nas últimas safras, com perdas severas em diversas regiões do país. As perdas devido aos enfezamentos podem chegar a 100%, em função da época de infecção e da suscetibilidade da cultivar plantada.

As plantas com enfezamento apresentam redução de crescimento, entrenós curtos, proliferação e malformação de espigas, espigas improdutivas e enfraquecimento dos colmos com favorecimento às infecções por fungos que resultam em tombamento.

“Se a infecção ocorre nos primeiros estágios da planta, ela não se desenvolve, por isso chamamos de enfezamento. O resultado é queda na produção e na produtividade. Então a necessidade de alertar o produtor rural para adotar medidas fitossanitárias que contribuam para prevenir e controlar o milho tiguera no campo e, por consequência, a possibilidade de proliferação da cigarrinha do milho e dos enfezamentos”, informa a gerente de Sanidade Vegetal da Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa), Daniela Rézio.

Cigarrinha é praga responsável pela transmissão dos enfezamentos. Cigarrinha é praga responsável pela transmissão dos enfezamentos.
Cigarrinha é praga responsável pela transmissão dos enfezamentos. Foto: Luciano Cota/Embrapa

Manejo do milho tiguera

O manejo correto de todo o sistema produtivo, do plantio até a colheita, é essencial para evitar que o milho tiguera afete a sojicultura. Caso ele se instale na área, é necessário realizar o controle com algumas ações:

  • Identificar o milho tiguera: saber qual é a planta e estágio de desenvolvimento;
  • Produto: escolha um herbicida graminicida para o controle específico do milho tiguera e que seja menos prejudicial para a cultura da soja;
  • Quando aplicar: o estágio inicial de desenvolvimento das plantas é o mais adequado, pois nessa fase o milho tiguera é mais sensível aos herbicidas;
  • Uso do produto: o uso inadequado de herbicidas pode diminuir a eficácia no controle, por isso siga as instruções do fabricante em relação à dosagem e concentração do herbicida;
  • Clima: evite aplicar em dias chuvosos ou com muito vento para não causar deriva do produto para áreas que não são desejadas;
  • Rotação de produtos: é necessária uma estratégia de manejo com de herbicidas para evitar o desenvolvimento de resistência de plantas daninhas;
  • Monitoramento: depois da pulverização, faça um monitoramento da área tratada e avalie a eficácia do controle. Se preciso, adote medidas adicionais de combate.

 

 



Portal Agro2