Mercado dribla risco fiscal e se abriga em ativos de valor


O mercado financeiro deu de ombros para o risco fiscal e até comemorou a derrota do governo com a derrubada da “MP do IOF”, que traria cerca de R$ 20 bilhões aos cofres públicos. A medida provisória que taxaria rendimentos de aplicações financeiras e apostas esportivas caducou, em meio a motivações eleitorais e desarticulação da base governista.

Os investidores, que também já estão de olho em 2026, celebraram de modo disfarçado. O Ibovespa cravou a primeira alta na semana, enquanto o dólar teve leve recuo. No mês, a moeda estrangeira se valoriza, na contramão das perdas de 13,5% no ano. Já a bolsa brasileira cai 3% em outubro, entregando parte dos ganhos acumulados desde janeiro.

Mercado se protege 

Fato é que o shutdown do governo dos Estados Unidos, que paralisou a agenda de indicadores econômicos norte-americanos, deixa o mercado carente de novidades. A ata do Federal Reserve ontem não mudou as apostas de novos cortes nos juros até o fim do ano, em meio aos riscos à geração de emprego e à cautela com a inflação no país.

Nesta quinta-feira (9), o breve discurso gravado do presidente do Fed, Jerome Powell, também deve ter impacto limitado. Com isso, os mercados se movimentam por inércia. Por aqui, sai o IPCA de setembro. Mas o índice oficial de preços ao consumidor deve continuar desautorizando o Comitê de Política Monetária (Copom) a iniciar uma queda da taxa Selic.

Fica claro que os mercados globais estão ignorando os efeitos no câmbio e da política monetária dos EUA sobre os ativos de risco, exigindo mais para desmontar posições seguras e consolidando os ganhos já existentes. Tal dinâmica mostra que o que está em jogo não é mais preço, e sim valor. E, neste momento, os investidores encontram abrigo onde essa tese se manifesta. 

Passeio pelos mercados

Os futuros das bolsas de Nova York amanheceram na linha d’água, com ligeiras oscilações, depois de os índices cravarem recordes nesta semana. Na Europa, também prevalece uma indefinição, enquanto na Ásia, as bolsas de Xangai (+1,32%) e de Shenzhen (+1,47%) voltaram do longo feriado em alta.

Entre as moedas, o dólar ganha terreno em relação às moedas rivais, levando o índice DXY (cesta de moedas de economias avançadas) para a marca de 99 pontos. 

Nas commodities, o petróleo sobe e o minério de ferro voltou a ser negociado em Dalian (China), encerrando também em alta, a US$ 111,03 a tonelada métrica.  

Por sua vez, o ouro e o Bitcoin recuam, retrocendo das máximas recentes. 

Agenda do dia

Indicadores

  • 9h – Brasil: IPCA (setembro)

Eventos

  • 9h30 – EUA: Discurso do presidente do Fed, Jerome Powell



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