O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, ficou em 0,93% em março, depois de ter subido 0,86% em fevereiro, segundo divulgou nesta sexta-feira (9) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“Esse é o maior resultado para um mês de março desde 2015, quando foi registrada inflação de 1,32%”, informou o IBGE.
Os principais impactos na inflação do mês vieram dos aumentos nos preços de combustíveis (11,23%) e do gás de botijão (4,98%).
Inflação foi a maior para um mês de março desde 2015 — Foto: Economia/G1
Salto de 6,10% em 12 meses
No ano, o IPCA acumula alta de 2,05%. Em 12 meses, a inflação acumula alta de 6,10%, acima dos 5,20% observados nos 12 meses imediatamente anteriores e a maior para esse intervalo de tempo desde dezembro de 2016, quando ficou em 6,29%.
A taxa em 12 meses ficou pela primeira vez no ano acima do limite superior da meta de inflação estabelecida para este ano – o centro da meta é de 3,75%, podendo variar entre 2,25% e 5,25%.
Segundo o IBGE, a última vez que o indicador ultrapassou o teto da meta do Banco Central foi em novembro de 2016, quando ficou em 6,99%. Naquele ano, o teto da meta era de 6,5%.
Indicador da inflação acumulada em 12 meses superou, em março, o teto da meta estabelecida pelo Banco Central — Foto: Economia/G1
Pesquisa da Reuters apontou que a expectativa de analistas era de alta de 1,03% em março, acumulando em 12 meses alta de 6,20%.
Dos 9 grupos de produtos e serviços pesquisados, 6 tiveram avanço nos preços em fevereiro. Os Transportes tiveram a maior alta (3,81%) e o maior impacto 0,77 ponto percentual (p.p.) no índice do mês. Veja o resultado para cada um deles:
- Alimentação e bebidas: 0,13%
- Habitação: 0,81%
- Artigos de residência: 0,69%
- Vestuário: 0,29%
- Transportes: 3,81%
- Saúde e cuidados pessoais: -0,02%
- Despesas pessoais: 0,04%
- Educação: -0,52%
- Comunicação: -0,07%
Segundo o IBGE, a gasolina (11,26%) foi o item que exerceu o maior impacto sobre o índice do mês, respondendo sozinha por 0,60 ponto percentual do IPCA de março, com variações que foram desde 6,32% em São Luís até 14,45% no Rio de Janeiro.
Os preços do etanol (12,59%) e do óleo diesel (9,05%) também subiram, contribuindo conjuntamente com mais 0,11 p.p. para a taxa de inflação de março.
“Foram aplicados sucessivos reajustes nos preços da gasolina e do óleo diesel nas refinarias entre fevereiro e março e isso acabou impactando os preços de venda para o consumidor final nas bombas. A gasolina nos postos teve alta de 11,26%, o etanol, de 12,59% e o óleo diesel, de 9,05%. O mesmo aconteceu com o gás, que teve dois reajustes nas refinarias nesse período, acumulando alta de 10,46%, e agora o consumidor percebe esse aumento”, afirmou o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov.
Perspectivas e meta de inflação
A meta central do governo para a inflação em 2021 é de 3,75%, e o intervalo de tolerância varia de 2,25% a 5,25%. Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros da economia (Selic), que agora está em 2,75% ao ano.
Os analistas das instituições financeiras projetam uma inflação de 4,81% no ano, acima da meta central do governo, conforme aponta a última pesquisa Focus do Banco Central. O mercado mantém a expectativa para a taxa Selic em 5% ao ano, o que pressupõe novas altas do juro básico.
Em 2020, a inflação fechou em 4,52%, acima do centro da meta do governo, que era de 4%. Foi a maior inflação anual desde 2016.
Metas para a inflação estabelecidas pelo Banco Central — Foto: Aparecido Gonçalves/Arte G1
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Fonte: G1