IPCA-15 registra deflação em agosto e acumulado volta à casa de um dígito



Os efeitos dos impostos menores sobre os combustíveis e os reajustes para baixo na Petrobras seguem impactando a inflação. Tanto que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), a prévia da inflação oficial, desacelerou para uma deflação de 0,73% em agosto, segundo dados do IBGE divulgados nesta quarta-feira, 24. Essa é a menor taxa já registrada para a prévia desde o início do Plano Real e também a menor desde o início da série histórica, iniciada em novembro de 1991. Com o resultado, a prévia da inflação recuou para a casa de um dígito, algo que não ocorria desde agosto passado. O acumulado é de 9,60%  no período.

De acordo com o IGBE, apesar de recorde, a queda não é disseminada entre os grupos pesquisados. Tanto que, dos nove levantados, apenas três tiveram variações negativas. Assim como na inflação oficial de julho, enquanto transportes puxaram para baixo, os alimentos continuaram acelerando, o que pode dar a percepção de preços ainda altos para a população. A queda da gasolina (-16,80%) influenciou o resultado do grupo dos transportes, que teve a maior variação negativa (-5,24%). Já a maior variação positiva veio de alimentação e bebidas (1,12%), influenciada principalmente pelo aumento nos preços do leite longa vida (14,21%).

A queda nos preços dos combustíveis (-15,33%) foi causada não só pela gasolina, mas também pelo etanol (-10,78%), gás veicular (-5,40%) e óleo diesel (-0,56%). Dentro do grupo transportes, outro subitem com intensa variação negativa foram as passagens aéreas (-12,22%), após subirem quatro meses consecutivos. Como os transportes são o grupo com maior peso na cesta de produtos do IPCA, a forte queda nos itens têm grande preso na desaceleração do índice, mesmo que outros produtos subam de valor.

Os outros dois grupos com variação negativa de preços foram habitação (-0,37%)  e comunicação (-0,30%). Ambos com a influência da redução da alíquota de ICMS cobrada sobre serviços de fornecimento de energia e telecomunicações. Assim como os combustíveis, esses itens também tiveram a alíquota máxima em 18% definida pelo Congresso Nacional. Como o IPCA-15 mede os preços nas duas primeiras semanas do mês de referência (agosto) e das duas últimas do mês anterior (julho), o impacto da lei apareceu nessa medição.  índice oficial de julho será publicado no dia 8 de agosto.

Em contraponto às quedas, a alimentação (1,12%) continuou em alta. O resultado foi influenciado pelo aumento do leite longa vida, que acumula no ano variação de 79,79%. Outros destaques no grupo foram as frutas (2,99%), que também haviam subido em julho (4,03%), o queijo (4,18%) e o frango em pedaços (3,08%). Com isso, a alimentação no domicílio variou 1,24% em agosto.

A variação positiva registrada em Saúde e cuidados pessoais (0,81%), influenciada pelos planos de saúde (1,22%), correspondente à fração mensal do reajuste de 15,50% autorizado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) em 26 de maio para os planos novos. Além disso, os itens de higiene pessoal aceleraram de 0,67% em julho para 1,03% em agosto. O grupo educação (0,61%) também teve alta. Os cursos regulares subiram 0,52% principalmente por conta dos subitens creche (1,47%), ensino fundamental (0,71%) e ensino superior (0,44%).



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