Guedes diz que saída de secretários do governo em meio a discussão do teto foi ‘natural’ | Política


O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta sexta-feira (22) que a saída dos secretários da pasta em meio a discussão do teto de gastos foi “natural”, pois eles eram os “negociadores” da proposta do Auxílio Brasil.

Guedes fez a afirmação um dia após quatro secretários pedirem demissão alegando motivos pessoais. A declaração foi dada após uma visita presidencial ao Ministério da Economia, em meio ao avanço da proposta do governo de alterar a regra do teto de gastos públicos para gastar mais com o programa social Auxílio Brasil.

“Inclusive, os nossos secretários que pediram para sair, eles saírem é natural. O jovem é secretário do Tesouro, está tomando conta lá do Tesouro, o outro é secretário da Fazenda, tomando conta da Fazenda, eles querem que [o auxílio mensal] fique nos R$ 300, que fique dentro do teto”, afirmou Guedes.

O ministro disse ainda que a ala política “naturalmente” olhou para “fragilidades dos mais vulneráveis” e pediu um valor maior para o auxílio.

“A ala política, naturalmente, olhando para fragilidades dos mais vulneráveis, diz ‘olha, nós precisamos gastar um pouco mais’. Deve haver uma linha de equilíbrio aí. E é isso que estava sendo discutido e é isso que entrou na PEC do precatório”, afirmou Guedes.

Deixaram o governo nesta quinta-feira (21) o secretário do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, o secretário do Tesouro Nacional, Jeferson Bittencourt, a secretária especial adjunta do Tesouro e Orçamento, Gildenora Dantas, e o secretário-adjunto do Tesouro Nacional, Rafael Araujo.

Nesta quarta-feira (20), o ministro da Cidadania, João Roma anunciou um reajuste permanente de 20%, em relação ao Bolsa Família, no programa Auxílio Brasil, e a criação de um “benefício transitório” para que as famílias recebam, até o fim de 2022, pelo menos R$ 400 mensais. Como forma de manter a despesa dentro do teto de gastos, a equipe econômica defendia que o valor do benefício fosse de R$ 300.

Após o anúncio dos reajustes, Guedes disse nesta quarta (20) que o governo ainda estudava uma forma de alterar o teto de gastos para pagar o Auxílio Brasil.

O ministro afirmou nesta sexta-feira (22) que os secretários que pediram demissão nesta quinta-feira (21) eram os “negociadores” da proposta.

“Os próprios jovens da nossa equipe que acabaram saindo foram os negociadores, eles negociaram aí uma semana, duas semanas. A PEC dos precatórios nasceu lá na casa do presidente do Senado, conversámos também com os ministros do Supremo […]”, declarou.

Guedes afirmou ainda a mudança no valor do Auxílio Brasil, de R$ 300 para R$ 400, não alterou “fundamentos fiscais da economia brasileira”.

“Quando o presidente pediu para atender R$ 100 a mais, R$ 400 em vez de R$ 300, fomos buscar então esse espaço extra. Ora, do ponto de vista fiscal, não altera os fundamentos fiscais da economia brasileira, não abala os fundamentos fiscais. Os fundamentos são sólidos”, disse Guedes.

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O ministro disse também que entende tanto a defesa do respeito ao teto de gastos, quanto a preocupação da ala política em não “deixar milhões passarem fome”.

“Nós entendemos os mais jovens que dizem: ‘Olha, a linha é aqui, não pode furar o teto’. Nós entendemos a política, que diz o seguinte: ‘Olha, o teto é um símbolo de austeridade, é um símbolo de compromisso com as gerações futuras, mas não vamos deixar milhões de pessoas passarem fome para tirar 10 em política fiscal e tirar zero em assistência aos mais frágeis'”, declarou.

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Fonte:G1