Guedes diz que ‘inferno’ da inflação passou e que é ‘natural’ ele seguir no cargo se Bolsonaro for reeleito | Economia

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta quinta-feira (19) em um evento em São Paulo que o Brasil já saiu do “inferno” da inflação e que é “natural” ele continuar no cargo em um eventual segundo mandato do presidente Jair Bolsonaro.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação em abril registrou alta de 1,06%, a maior para o mês desde 1996.

Além disso, segundo o Banco Central, os analistas do mercado financeiro preveem a inflação em 7,89% ao final deste ano. A meta, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), é de 3,5% e será considerada formalmente cumprida se oscilar entre 2% e 5%.

“Está faltando manteiga na Holanda, tem gente brigando na fila da gasolina no interior da Inglaterra, que teve a maior inflação dos últimos 40 anos e vai ter dois dígitos já já. Eles estão indo para o inferno. Nós já saímos do inferno, conhecemos o caminho e sabemos como se sai rápido do fundo do poço”, declarou Guedes em evento da Arko Advice e Traders Club.

Puxado principalmente pela alta dos preços dos combustíveis, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, atingiu 12,13% nos últimos 12 meses até abril, maior inflação para o período de 1 ano desde outubro de 2003.

Para conter a alta de preços, o Banco Central tem subido os juros básicos da economia há 15 meses. Atualmente, a taxa Selic está em 12,75% ao ano, o maior patamar em mais de cinco anos. O presidente da instituição, Roberto Campos Neto, acredita que o pico da inflação será entre os meses de abril e maio.

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Ainda no evento desta quinta-feira, Paulo Guedes disse ser “natural” continuar no cargo de ministro se o presidente Jair Bolsonaro for reeleito.

“Se essa coalizão seguir, é natural que eu ajude, que eu apoie, que eu esteja lá”, declarou.

“Em um aliança de liberais conservadores, vão apoiar, vão acelerar privatizações, vamos zerar o IPI, vamos aprofundar o choque de energia barata. Se essa for a música, vou correndo atrás. Se a música mudar, estou velhinho, estou cansado, não consigo tirar férias. Mas parece que a banda está tocando bem”, acrescentou.

O colunista do g1 Gerson Camarotti informou que, em uma conversa com Paulo Guedes, Bolsonaro disse ao ministro que a agenda de privatizações do governo só vai “decolar” em um eventual segundo mandato.

Nesta quarta (18), o Tribunal de Contas da União (TCU) deu aval à privatização da Eletrobras, estatal que atua nas áreas de geração e transmissão de energia.

O ministro da Economia também afirmou que defendeu a democracia brasileira junto a investidores internacionais, considerado por ele um pré-requisito para atrair recursos ao país, apesar de ter avaliado que o “pau come entre os poderes”. Ele também fez uma referência à acusação do presidente Bolsonaro ao ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, de abuso de autoridade.

“Democracia, opa, olha nós aqui. O pau come entre os poderes, mas ninguém atravessa a linha. Pessoas atravessam a linha, de vez em quando um ministro atravessa a linha e fica brincando ali, todo mundo vê que ele está pelado e põe ele pra dentro de novo. Um presidente as vezes pisa do outro lado, e o pessoal: ‘presidente, tá pegando mal esse negócio, parece que o senhor quer dar o golpe’. ‘opa, não, não, não, mas ele tá me perseguindo. ué, denuncia ele. eu vou denunciar o juiz, o juiz me denunciou eu vou denunciar o juiz’. Aí um denuncia o outro, os dois denunciam os dois”, disse.

Além de uma democracia sólida, o ministro avaliou que o Brasil pode se beneficiar do processo de reposicionamento das empresas, por conta da guerra na Ucrânia, pela necessidade das nações em segurança energética e alimentar. Ele reafirmou que há mais de R$ 800 bilhões em investimentos privados previstos para os próximos dez anos nos processos de concessão e pela mudanças dos marcos legais.

Fonte:G1