Google beneficiou Facebook em seu sistema de publicidade digital, diz jornal | Tecnologia


O Google e o Facebook possuem um acordo com vantagens indevidas no mercado de publicidade digital, mostram documentos do processo antitruste liderado pelo Texas contra a gigante das buscas. Os papeis baseiam uma reportagem do último domingo (17) do jornal “New York Times”.

O acordo incluía benefícios concedidos pelo Google ao Facebook na compra de espaços publicitários na internet.

Em troca, a rede social de Mark Zuckerberg se comprometeu a não criar um concorrente direto ao sistema de leilão do buscador e gastar um montante pré-definido todos os anos – cerca de US$ 500 milhões.

As duas empresas, juntas, representam mais do que 60% do mercado de publicidade digital, segundo um levantamento de 2019 da consultoria eMarketer.

O pacto entre as companhias foi citado pelo procurador-geral do Texas, Ken Paxton, em um processo que acusa o Google de conduta anticompetitiva. Paxton afirmou que a empresa “usou o seu poder de monopólio para controlar preços” no mercado de publicidade digital.

O Google é alvo de dois outros processos nos EUA: o Departamento de Justiça acusa a companhia de abusar de poder de mercado para impedir a concorrência e 38 estados e territórios americanos alegam monopólio sobre os mecanismos de busca e os mercados publicitários.

O documento obtido pelo “New York Times” está no processo liderado pelo Texas e diz que os executivos do Google viram uma “ameaça existencial” quando o Facebook anunciou, em 2017, que iria testar um novo sistema de leilão de anúncios on-line.

Esse sistema, chamado “header bidding”, permitiria que sites oferecessem seus espaços publicitários para vários leiloeiros ao mesmo tempo.

Os leiloeiros são empresas como o Google, que mediam a venda de anúncios na internet.

A ideia foi abandonada pelo Facebook em 2018, ano em que a rede social se tornou parceira do projeto “Open Bidding” do Google.

Com o “Open Bidding”, o Google permitiu que outros leiloeiros competissem pelos espaços em sua plataforma, com a cobrança de uma pequena porcentagem para cada venda.

Para que o Facebook entrasse na jogada, o Google propôs uma condição mais vantajosa, incluindo vantagem de tempo para enviar lances do leilão e mais dados sobre as pessoas que visualizariam aquele anúncio.

A reportagem do “New York Times” diz ainda que o Facebook tinha uma porcentagem de vitórias garantidas nos leilões e que as empresas concordaram em “cooperar” caso fossem investigadas por órgãos reguladores.

A rede social prometeu dar lances em 90% dos leilões que pudesse identificar os usuários que viriam um anúncio e que gastaria cerca de US$ 500 milhões por ano após 4 anos do início do acordo.

O que dizem o Google e o Facebook

Em uma publicação em seu blog oficial no sábado (17), o Google não negou o acordo com o Facebook – pelo contrário, a companhia diz que a participação da rede social não é nenhum segredo.

A empresa negou que ofereça condições mais vantajosas ao Facebook e disse que as taxas que cobra de outros leiloeiros é mais baixa do que a média do mercado.

A companhia afirmou que a acusação liderada pelo procurador-geral do Texas é “enganosa” e que irão mostrar nas cortes que as alegações estão erradas.

O Facebook disse em comunicado que “parcerias como essas são comuns na indústria” e que possui acordos com diversas outras empresas. “Qualquer sugestão que esses tipos de acordos prejudicam a concorrência não tem base”, afirmou.

Processo contra o Facebook

O Facebook sofre uma acusação separada e não relacionada diretamente com o Google. A rede social foi processada por manter seu domínio nas redes sociais usando conduta anticompetitiva.

São citadas como partes dessa estratégia as compras dos então rivais em ascensão Instagram e WhatsApp pela companhia – em negócios bilionários fechados em 2012 e 2014, respectivamente.

Veja vídeos sobre tecnologia no G1



Fonte: G1