Gastos dos convênios médicos atingem maior nível em 2 anos – Economia



As despesas dos planos de saúde com o atendimento de beneficiários voltaram aos níveis anteriores à pandemia de covid-19. Apesar dessa informação, as despesas das operadoras com o atendimento em abril e maio deste ano estão no maior nível em dois anos e meio.


Os dados foram apresentados no mais recente boletim covid-19 da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) e divulgados pela FenaSaúde (Federação Nacional de Saúde Suplementar).


De acordo com o levantamento, 82% do que as operadoras arrecadaram com as mensalidades, no segundo trimestre de 2021, foram repassados a hospitais, clínicas, laboratórios e profissionais de saúde para cobrir os atendimentos provocados não só pelo coronavírus, mas também por outras doenças.



É o mesmo percentual que havia sido registrado no segundo trimestre de 2019, quando a covid-19 ainda não havia sido registrada em nenhum lugar do mundo.


Segundo o balanço, as despesas das operadoras com o atendimento em abril e maio deste ano estão no maior nível em dois anos e meio.


Esse indicador é chamado de sinistralidade e consome a maior parte dos valores pagos com as mensalidades dos beneficiários. As empresas têm ainda outras despesas, como custos administrativos, de comercialização e impostos.


A sinistralidade de caixa em alta é um retrato da retomada de uso do sistema de saúde. Além do aumento na quantidade e na duração das internações por covid-19, outros tratamentos tiveram forte retomada (os chamados procedimentos eletivos).



No primeiro trimestre deste ano, por exemplo, o setor teve a maior despesa da história com atendimentos aos beneficiários.


Como os custos podem levar mais de dois meses para serem informados às operadoras e então pagos aos prestadores de serviço, os procedimentos realizados em março impactaram nas despesas de abril e maio.


Vale lembrar que foi em março que o Brasil viveu seu pior momento na pandemia, com o número de mortos passando de 4 mil por dia.


Para a FenaSaúde, o cenário é preocupante e eleva a pressão sobre os custos dos planos de saúde.


“Os números são preocupantes para a sustentabilidade das empresas, sobretudo para as pequenas e médias, que atendem mais de 13 milhões de brasileiros e representam quase 90% das operadoras de saúde suplementar. A elevação dos custos pode levar muitas ao colapso e devolver milhões de beneficiários ao SUS, que está sobrecarregado”, diz Vera Valente, diretora executiva da FenaSaúde.


Segundo estudo da FenaSaúde feito com base nos dados de 24% dos beneficiários dos planos de saúde, as internações eletivas sofreram recuo em alguns meses de 2020, mas já no final do ano passado voltaram à normalidade.


No primeiro trimestre deste ano, foram feitas mais internações eletivas do que no começo de 2020 ou 2019, quando não havia pandemia, de acordo com a FenaSaúde.


Ou seja, a enorme demanda por atendimento médico durante a segunda onda da covid-19 foi acompanhada por internações que poderiam ter sido adiadas.


“Os próximos meses ainda serão afetados por novos casos de covid, pelo crescimento dos procedimentos eletivos e também por um efeito que ainda é difícil de mensurar: as sequelas de quem teve covid. Ou seja, o futuro se mostra ainda mais preocupante para a sustentabilidade financeira do setor”, afirma Vera.



Segundo dados do boletim covid-19 da ANS, o número de beneficiários cresceu 0,32% na prévia de maio/2021 em comparação com o mês anterior, mantendo o crescimento iniciado no mês de julho de 2020 e atingindo patamares de agosto de 2016.


Entre maio de 2020 e maio de 2021, todos os tipos de planos apresentaram crescimento positivo. Os de contratação Individual ou familiar continuam apresentando variação positiva no período (0,06%).


A taxa de adesão tem sido superior à taxa de cancelamento nos planos médico-hospitalares. O tipo de contratação responsável por este aumento é o coletivo empresarial que se mantém, desde julho de 2020, com mais entradas do que saídas de beneficiários.


Portabilidade cresce em comparação a 2020


Os meses de abril e maio, segundo a ANS, apresentaram estabilidade no número de protocolos para a portabilidade.


No entanto, os números referentes aos cinco primeiros meses do ano mostram um aumento significativo, em comparação ao mesmo período do ano anterior. O principal motivo, segundo a agência, é a busca por planos mais baratos.


“Os números mostram que os brasileiros não querem perder o plano de saúde e a portabilidade é uma ferramenta importante para a busca por soluções que se adequem à sua situação financeira, mas de forma a não ficar sem plano”, conta Vera.




Fonte: R7