Funcionários da Alphabet, dona do Google, formam sindicato nos EUA | Tecnologia


Um grupo de mais de 220 funcionários da Alphabet, empresa que controla o Google, anunciou nesta segunda-feira (4) a formação de um sindicato nos Estados Unidos.

Chamada de “Sindicato dos Trabalhadores da Alphabet”, a organização será afiliada ao sindicato de Trabalhadores de Comunicações das Américas, que representa funcionários de empresas de telecomunicações e mídias nos EUA e no Canadá.

Ao contrário de um sindicato tradicional, que segue algumas legislações trabalhistas específicas e exige que o empregador negocie e assine um contrato com seus funcionários, o grupo irá se organizar como um “sindicato minoritário”.

Essa iniciativa permitirá que trabalhadores terceirizados, que representam uma grande fatia dos funcionários do Google, também possam se juntar à iniciativa.

Até o momento, 226 trabalhadores da Alphabet assinaram o documento que os tornam parte do sindicato. Segundo o jornal “New York Times”, a empresa possui mais de 220 mil funcionários contratados e terceirizados.

“Quando o Google abriu seu capital em 2004, disse que seria uma companhia que ‘faz boas coisas para o mundo mesmo que fosse preciso renunciar a alguns ganhos de curto prazo’. Seu lema costumava ser ‘não seja mau’ . Nós vamos viver seguindo esse lema”, escreveram os organizadores do movimento.

Ao se organizar como um “sindicato minoritário”, o grupo não precisa ser reconhecido pelo Conselho Nacional de Relações Trabalhistas, uma agência governamental dos EUA, nem realizar eleições formais.

A intenção não é assinar um contrato com o Google, mas criar uma “estrutura sustentável” para defender direitos e interesses dos funcionários, segundo um comunicado. A tendência é que, ao juntar trabalhadores, o grupo possa pressionar a Alphabet em algumas decisões.

A diretora de operações de pessoas do Google, Kara Silverstein, enviou um comunicado para veículos de comunicação em que diz a companhia “sempre trabalhou duro para criar um espaço de trabalho solidário e recompensador para a força de trabalho”.

“Nossos funcionários protegeram os direitos trabalhistas que apoiamos. Mas, como sempre fizemos, continuaremos nos envolvendo diretamente com todos os nossos funcionários”, afirmou.

A iniciativa é rara no Vale do Silício e entre trabalhadores do setor de tecnologia. Funcionários de duas pequenas empresas da área organizaram sindicatos em 2020: da plataforma de financiamento coletivo Kickstarter e da ferramenta de colaboração de códigos Glitch.

Funcionários do Google protestam contra assédio sexual, em dezembro de 2018. — Foto: REUTERS/Jeenah Moon

A relação entre os funcionários e as lideranças executivas da Alphabet se tensionaram nos últimos anos, o que incentivou a criação do sindicato, segundo o comunicado do grupo.

Parul Koul e Chewy Shaw, que trabalham no Google e presidem a nova organização, escreveram um artigo de opinião publicado no jornal “New York Times” e citaram exemplos dessa ruptura.

Em 2018, os funcionários do Google escreveram uma carta ao CEO da companhia, Sundar Pichai, pedindo que encerrasse uma parceria com o Pentágono que estaria desenvolvendo um programa de inteligência artificial (IA), chamado Project Maven. A pressão deu certo, a empresa deixou o projeto de lado.

No mesmo ano, outra movimentação dos trabalhadores fez com que o Google abandonasse o Projeto Dragonfly, um plano para lançar uma versão censurada dos serviços de buscas on-line na China.

Também em 2018, milhares de trabalhadores deixaram os escritórios e protestaram contra escândalos de assédio sexual e como a empresa lida com esses casos, no chamado “Google Walkout”.

O protesto aconteceu após uma reportagem do jornal “New York Times” mostrar que a empresa protegeu Andy Rubin, um alto executivo diretor do sistema Android, acusado de assédio.Ele deixou a empresa com um bônus de US$ 90 milhões.

No final de 2020, milhares de profissionais do Google e apoiadores acadêmicos assinaram um abaixo-assinado contra a demissão da cientista de inteligência artificial Timnit Gebru.

Ela enviou um e-mail interno acusando o Google de “silenciar vozes marginalizadas”, após superiores terem solicitado que ela não publicasse um artigo científico ou retirasse seu nome e de colegas. Gebru foi desligada da companhia pouco depois.

Google no centro de denúncias de racismo após demissão de cientista

Google no centro de denúncias de racismo após demissão de cientista

Em dezembro passado, o Conselho Nacional de Relações Trabalhistas acusou o Google de espionar ilegalmente funcionários que organizaram protestos e ter demitido dois deles em retaliação.

Veja vídeos sobre tecnologia



Fonte: G1