Franquias: veja dicas para quem quer empreender no setor | PME


Uma das alternativas de quem decide empreender é comprar uma franquia. O setor registra um faturamento anual superior a R$ 167 bilhões, tem mais de 156 mil unidades e quase 3 mil opções de marcas de franquias por todo o país, segundo a Associação Brasileira de Franchising (ABF).

Pesquisa da ABF mostra que o setor minimizou os impactos da pandemia do coronavírus no 1º trimestre deste ano e que há segmentos que apresentam crescimento (veja mais abaixo). Além disso, cresce a quantidade de unidades home based, ou seja, que funcionam em casa. Esse tipo de franquia já representa mais de 10% dos pontos comerciais.

Mas a pergunta que fica é: este é o momento ideal para investir em uma franquia?

Especialistas dizem que sim, mas sempre com cautela e muita pesquisa de mercado. E, claro, com dinheiro suficiente.

“Em momentos de crise, o setor de franquias cresce, porque há perda de renda e as pessoas começam a buscar alternativas. É um momento que também surgem oportunidades. Para quem já pensava em empreender, é uma excelente oportunidade de fazer bons negócios”, diz Denis Santini, professor da Fundação Instituto de Administração (FIA) e CEO da MD Comunicação, agência especializada em franquias.

Entre as vantagens de ser um franqueado está o auxílio das redes, fator essencial para ajudar a passar por crises como a causada pela pandemia.

“Investir agora é mais arriscado, porém a procura por franquia continua muito grande. Nesse modelo você não está sozinho como empreendedor. Desde o início da pandemia, as franqueadoras tiveram uma ação forte de apoiar, de negociar dívida, negociar aluguel em nome da rede, dando todo suporte”, afirma Adir Ribeiro, CEO da Praxis Business, empresa especializada em modelos de negócios.

Com a ajuda dos especialistas Adir Ribeiro e Denis Santini, o G1 reuniu dicas para quem pensa em investir no setor.

O que é preciso analisar na hora de escolher uma franquia?

  1. Autoavaliação: Eu quero empreender? É o meu momento de vida? Além de ter um recurso financeiro para investir, tem que incorporar o pensamento e comportamento empreendedor.
  2. Tamanho do capital: Você sempre vai precisar de mais dinheiro do que o valor de compra da franquia. Qualquer negócio, seja franquia ou não, tem um tempo para atingir o ponto de equilíbrio, aquele momento onde a receita supera as despesas mensais. Até lá, é preciso ter um fluxo de caixa. Por isso, a dica é ter 30% a mais do que o valor do investimento.
  3. Afinidade com o negócio: Antes de pensar no negócio que dá mais dinheiro, é importante escolher um negócio em que se sinta confortável em operar. Principalmente no início da operação, é preciso trabalhar muitas horas por dia. Se você não gostar do ramo que escolheu, será muito difícil.
  4. Acesso à informação: Antes de comprar uma franquia, de pagar ou assinar qualquer contrato, a pessoa precisa receber da franqueadora um documento, chamado Circular de Oferta de Franquia (COF). Dentro dele, há uma lista de informações que a franqueadora é obrigada a fornecer ao candidato a comprar uma unidade. Estude muito essas informações!
  5. Converse com os franqueados: No COF há uma lista com os contatos de todos os franqueados de uma rede. Escolha alguns deles, o máximo possível, entre em contato, ligue, visite e tire todas as dúvidas. Isso é fundamental. Pergunte como é o suporte da franqueadora, como é a sazonalidade do produto ou serviço e quais são as maiores dificuldades.
  6. Não crie falsas expectativas: Entender o que se espera da franqueadora e o que a franqueadora espera do franqueado é fundamental para não haver frustrações no futuro.
  7. Todo cuidado é pouco: “Franquia é uma duplicação de algo que deu certo, não de uma ideia. Não compre uma ideia, nem uma franquia que não tenha, pelo menos, 1 ano de operação”, alerta Denis.

Antes de fechar o negócio, é importante avaliar e entender como funcionam os pontos a seguir:

  • Aspectos financeiros: Como entra e sai dinheiro do negócio? Eu vou ter que procurar clientes? Qual é o meu papel nesse processo?
  • Parte comercial: Como é feita a compra e venda dos produtos?
  • Jurídico: Entenda as obrigações e regras que você terá como franqueado.
  • Logística: Quem compra os ingredientes e produtos? Qual a minha obrigação nessa parte?

Vantagens de ter uma franquia

  • Fazer parte de uma marca com um conceito definido, com conhecimento organizado;
  • Experiência acumulada da marca, que já testou o modelo de negócio;
  • Redução de riscos, já que segundo os especialistas a taxa de sucesso das franquias é maior do que de negócios independentes.

Fique atento às armadilhas

Para a advogada Claudia Vacari, sócia do escritório Vacari e Viceconti, antes de tomar a decisão de comprar uma franquia, é preciso avaliar se esse investimento realmente cabe no bolso do empreendedor.

“Tem que estudar muito bem o contrato e ficar atento às taxas que serão pagas para o franqueador. Tem que avaliar a expectativa de recebimento versus o quanto você vai repassar para a franqueadora e quanto efetivamente sobra. Isso muitas vezes acaba sendo um custo pesado para a pessoa que está começando”, alerta Claudia.

Confira alguns pontos importantes:

  • Pagamento das taxas: Existem obrigações, como royalties pelo faturamento mensal e taxa de franquia, que podem ser fixas ou variáveis, dependendo do negócio. Por exemplo, muitas redes cobram taxa de marketing para fazer a divulgação da marca.
  • Menor liberdade de criação: Para quem é muito criativo e tem muitas ideias, pode ser um ponto ruim. Todas as ideias, processos e decisões precisam ser validados pela franqueadora, por isso é importante saber ouvir “não”.
  • A marca precisa ser segura: Para evitar problemas, cheque se a marca é registrada. Nenhuma empresa pode ser franqueadora se não tiver a detenção da marca ou patente. Segundo a Lei de Propriedade Industrial, só é detentor da marca aquele que a registra. Esse dado pode ser checado, gratuitamente, no site do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).

Pesquisa da ABF revela que alguns segmentos permanecem em alta mesmo durante a pandemia:

  • Casa e Construção teve alta de 36,5%, beneficiado pela demanda por reparos, manutenções e reformas, com a maior permanência das famílias em casa e o aumento do trabalho em home office e aulas a distância.
  • Saúde, Beleza e Bem-Estar cresceu 12,7% e Limpeza e Conservação 6,6%, favorecidos por serem atividades consideradas essenciais, pela maior procura por procedimentos estéticos e de sanitização de ambientes, respectivamente.
  • Serviços e Outros Negócios teve alta de 6,1% alavancado pelas áreas de meios de pagamento e serviços digitais.

Segundo a pesquisa, os segmentos de hotelaria, turismo, entretenimento e lazer continuam sendo os mais atingidos, já que são diretamente impactados pelas medidas restritivas para o controle do coronavírus.

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Fonte:G1