FMI vê crescimento mais rápido em 2021, porém desigual entre os países | Economia


Impulsionado por Estados Unidos e China, o crescimento global está acelerando, afirmou a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, nesta terça-feira (30). Ela apontou, porém, para os riscos de uma recuperação dessincronizada entre os países.

“Em janeiro, projetávamos um crescimento global de 5,5% em 2021. Agora, esperamos uma nova aceleração” da expansão, disse Georgieva em um discurso antes das reuniões de primavera do FMI e do Banco Mundial e sem citar números precisos.

Diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional, Kristalina Georgieva — Foto: Reuters

O tradicional relatório da instituição de Washington sobre as novas perspectivas para a economia mundial será publicado apenas em 6 de abril.

Ela destacou, no entanto, que a revisão do crescimento para cima foi, “em parte, devido ao apoio político adicional”, incluindo o gigantesco plano de US$ 1,9 trilhão do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e, “em parte”, aos efeitos esperados das campanhas de vacinação em “muitas” economias avançadas.

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Essa melhora é o resultado de um “esforço extraordinário” de enfermeiros, médicos, trabalhadores essenciais e pesquisadores em todo mundo, disse ela, enquanto os governos tomaram medidas orçamentárias “excepcionais” para um montante acumulado de US$ 16 trilhões.

Sem esta ajuda sincronizada, a contração do PIB mundial registrada em 2020 (-3,5%) teria sido “três vezes maior”, sublinhou a chefe do FMI.

O Fundo também observa, porém, “uma recuperação em várias velocidades, cada vez mais impulsionada por dois motores: Estados Unidos e China”.

Ambos fazem parte de “um pequeno grupo de países” que ultrapassará seus níveis pré-crise até o final deste ano.

Para Kristalina Georgieva, “um dos maiores perigos continua a ser a incerteza extremamente elevada”.

“Tudo depende da trajetória da pandemia”, explicou ela, já que o progresso na imunização é desigual, e novas cepas do vírus dificultam as perspectivas de crescimento, “particularmente na Europa e na América Latina”.

Além disso, pode haver “mais pressão” sobre os mercados emergentes “vulneráveis” com capacidade fiscal limitada.

“Muitos estão fortemente expostos a setores duramente atingidos, como o turismo”, continuou a dirigente.

Esses países também são aqueles com acesso restrito a vacinas, embora estejam expostos a um risco “alto” de sobre-endividamento.

A instituição de Washington está, portanto, preocupada com as repercussões de uma recuperação acelerada nesses países.

“Um crescimento sustentado nos Estados Unidos pode beneficiar muitos países por meio do aumento do comércio”, disse Georgieva.

Mas, com uma recuperação econômica dessincronizada em todo mundo, se os países avançados aumentarem drasticamente suas taxas de juros, isso aumentaria os custos de refinanciamento da dívida de vários países emergentes que já estão atrasados nessa recuperação.

Nessas condições, Georgieva recomenda que os países se concentrem na resolução da crise, acelerando a produção e a distribuição de vacinas.

Também recomenda continuar a apoiar as famílias mais vulneráveis, para investir no futuro, em particular em infraestrutura, educação e saúde, enfatizando o desafio: “que todos se beneficiem de uma transformação histórica para economias mais verdes e mais inteligentes”.

Ela também pediu maior ajuda internacional aos países vulneráveis.

E citou um novo estudo do FMI que mostra que os países de baixa renda precisarão empregar cerca de US$ 200 bilhões em cinco anos para combater a pandemia.

Também serão necessários US$ 250 bilhões adicionais para “voltar ao caminho certo para alcançar níveis de renda mais altos”.

Georgieva lembrou que o Fundo forneceu mais de US$ 107 bilhões em novos financiamentos para 85 países e decidiu aliviar o serviço da dívida para 29 de seus membros mais pobres. Na África Subsaariana, por exemplo, o financiamento do FMI no ano passado foi em torno de 13 vezes superior à média anual da década anterior.

Além disso, acrescentou ela, o FMI quer aumentar suas reservas e capacidade de empréstimo em US$ 650 bilhões de dólares, por meio de uma nova emissão de Direitos Especiais de Saque.

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Fonte: G1