Experimentos em Goiás comprovam que sistema ILPF melhora a qualidade do solo; entenda


Um estudo realizado pela Embrapa e o Instituto Federal Goiano (IFGoiano) avaliou o impacto da qualidade do solo por meio da Integração Lavoura, Pecuária e Floresta (ILPF).

O trabalho evidenciou melhorias, em comparação à pastagem não cultivada, por meio de indicadores de disponibilidade de água e de aeração (processo de renovação do ar entre o solo e a atmosfera).

Estudo da qualidade do solo

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Os pesquisadores fizeram a coleta de amostras de solo nas áreas dos experimentos em sete camadas diferentes de perfil do solo, em uma profundidade de até um metro. Foto: Divulgação/Embrapa

Essa pesquisa foi realizada em duas fazendas-escola do IFGoiano, uma no município de Morrinhos e outra em Iporá, consideradas como representativas da região do sudoeste goiano, onde se produz cerca de 9% da safra de grãos brasileira.

Os sistemas de ILPF possuíam de um a dois anos de implantação, sendo assim, estavam em seu início, e compreenderam árvores de eucalipto e nativas (como baru e angico) com o cultivo, nas entre fileiras, de soja, milho e braquiária. Vacas leiteiras foram colocadas para pastejo na área da forrageira enquanto cercas elétricas protegiam o crescimento das árvores. Para efeito de comparação, levou-se em conta áreas de referência sob pastagens não cultivadas há mais de 30 anos.

Os pesquisadores fizeram a coleta de amostras de solo nas áreas dos experimentos em sete camadas diferentes de perfil do solo, em uma profundidade de até um metro.

A coleta de amostras de solo até um metro em áreas com o componente arbóreo é importante, devido ao alcance das raízes das árvores nos sistemas de produção. As amostras ainda passaram por procedimentos laboratoriais, incluindo análises estatísticas de indicadores relacionados à porosidade e propriedades físico-hídricas do solo.

Solos com maior retenção de água e aeração

Qualidade do soloQualidade do solo
Experimentos conduzidos, de avaliação do impacto de curto prazo de sistemas ILPF nas características físico-hídricas de solos típicos da região Centro-Oeste do Brasil, são uma forma de acompanhar as diferenças na evolução da qualidade do solo. Foto: Divulgação/Embrapa

Os resultados obtidos foram que, em Morrinhos e Iporá, a ILPF aumentou a umidade retida pelo solo, entre 0,1 milímetro e 0,7 milímetro por centímetro de solo, em comparação à área de pastagem não cultivada que era a de referência.

Essa quantidade de água, aparentemente pouca, pode ser crucial para a sobrevivência das plantas durante longos períodos de seca e altas temperaturas. Em Iporá, onde baru e eucalipto foram cultivados no sistema de ILPF, o solo apresentou também maior capacidade de aeração em comparação com a área de referência.

A pesquisadora da Embrapa Arroz e Feijão (GO), Márcia Carvalho, foi uma das coordenadoras desse trabalho. Ela explica o contexto em que foram obtidos esses resultados e a diferença dos efeitos do sistema de ILPF medidos em cada um dos experimentos.

“No caso de Morrinhos, o solo da fazenda é classificado como Latossolo argiloso. Nas condições em que o sistema de ILPF foi conduzido, foram medidos maiores valores de CAD (capacidade de água disponível no solo) do que na pastagem de referência. Isso pode ser atribuído ao maior volume de microporos responsáveis ​​pela retenção e armazenamento de água no solo. Latossolos naturalmente são ricos em agregados e microporos, mas o sistema de ILPF contribuiu para o aumento desses sítios de armazenamento de água em relação à pastagem não cultivada”, diz Carvalho.

A pesquisadora destaca que os experimentos conduzidos, de avaliação do impacto de curto prazo de sistemas ILPF nas características físico-hídricas de solos típicos da região Centro-Oeste do Brasil, são uma forma de acompanhar as diferenças na evolução da qualidade do solo, desde a fase inicial de implantação da integração entre cultivos, forrageiras e espécies arbóreas. Por isso, ela considera importante a continuidade de monitoramento ao longo do tempo.



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