“Ovo fértil, uma temperatura que se aproxime dos 37°C e uma umidade que passe dos 60%, deram condições para a eclosão. A temperatura acima da ideal, 37,2°C, pode antecipar a eclosão. Abaixo, pode atrasar. Ambos os casos trazem prejuízos de desenvolvimento para as aves”, destacou o zootecnista Bruno Costa, que também foi criador de codorna.
O zootecnista acredita que os ovos eram “galados”, ou seja, fecundados (possuíam embriões). Os filhotes levam, em média, 17 dias para nascer. A variação de temperatura, contudo, pode acelerar ou atrasar a eclosão.
“O ovo galado ou fértil é aquele que é fecundado (possui óvulo + espermatozoide). Os ovos que encontramos em supermercados são apenas uma célula feminina, incapaz de existir eclosão. A galinha não depende de galo para produção, assim como a codorna”, explicou Costa.
Segundo o especialista, a legislação indica que granjas produtoras de ovos para consumo produzam lotes que tenham apenas aves fêmeas.
“As empresas que trabalham com pintos vendem lotes sexados, tanto de codornas quanto de galinhas. Legalmente falando, só é possível vender ovos de granjas onde há fiscalização e [os selos] SIM [Selo de Inspeção Municipal], SIE [Selo de Inspeção Estadual] ou SIF [Selo de Inspeção Federal]”, disse o zootecnista.
Codornas nascem em prateleira de mercado após ovos eclodirem por alta temperatura no Piauí — Foto: Arquivo Pessoal
Codornas nascem em prateleira de mercado após ovos eclodirem por alta temperatura no Piauí — Foto: Arquivo Pessoal
De acordo com o zootecnista, os ovos fecundados podem ser consumidos, desde que não tenham estímulo para incubação com temperaturas altas, por exemplo. Em mercados, eles devem estar em temperaturas mais amenas e em locais climatizados para a eclosão não acontecer.
“Se coletar [comprar] ovo fértil e colocar na geladeira, o embrião não desenvolve, mas também não tem a mesma validade que ovos não galados, estraga mais rápido. Apesar de muitos comércios não serem climatizados, os ovos ficam em temperatura ambiente, que não é o ideal, mas como é um produto que tem muita saída, não dura em prateleira”, destacou.
O coordenador da Vigilância Sanitária de Campo Maior, Kerson Oliveira, informou ao g1 que irá até o mercado para saber o que aconteceu.
“Nós fazemos fiscalizações todos os dias, mas são centenas de comércios aqui e não temos como estar em todos todo tempo. Já solicitei a uma equipe de fiscais para irem até o estabelecimento para saber o que realmente aconteceu. Porque não era para acontecer isso, os ovos devem estragar e não devem estar fecundados e eclodir. Vamos neste primeiro momento entender para depois saber quais medidas vamos tomar”, afirmou o coordenador.
Codornas nascem em prateleira de mercado após ovos eclodirem por alta temperatura no Piauí — Foto: Arquivo Pessoal
Codornas nascem em prateleira de mercado após ovos eclodirem por alta temperatura no Piauí — Foto: Arquivo Pessoal
O gerente e um funcionário de um mercado em Campo Maior, a 80 km de Teresina, ficaram surpresos ao presenciar o nascimento de quatro codornas em uma prateleira do estabelecimento. Segundo especialistas, o calor de aproximadamente 37 ºC provocou a eclosão dos ovos que estavam à venda.
O caso aconteceu em 21 de setembro e circulou nas redes sociais nesta quinta-feira (13). Resgatadas com vida, as quatro aves acabaram morrendo.
“Levei o celular no ponto de filmar. Ficamos muito surpresos ao encontrar os filhotes nascendo. Eu já havia mudado as cartelas de lugar devido ao calor, porque são de plástico”, comentou Fábio Gomes, gerente do estabelecimento.
Imagens registradas pelo gerente mostram o momento em que ele abre a cartela e encontra os quatro filhotes. Um deles chega a cair e é aparado pelo homem. De acordo com ele, duas das aves morreram minutos depois. As outras foram entregues ao fornecedor dos ovos e morreram no dia seguinte.
“O fornecedor ficou espantado também, só acreditou porque eu estava contando pra ele. E queria fazer a troca da cartela, mas não aceitei. Ainda hoje estou com ela aqui”, contou.
O mês de setembro marca o início do B-R-O bró, expressão que denomina os meses com terminação “bro”, conhecidos como os mais quentes do ano. Segundo a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semar) do Piauí, neste ano, a previsão é de máximas acima da média, superiores aos 40 °C.
“É um mês em que as temperaturas elevam e a umidade do ar fica mais baixa. No fim do mês, começa a primavera, quando tem início um processo de aquecimento do nosso hemisfério. Além de uma massa de ar seco estar posicionada sobre nossa região”, explicou Sônia Feitosa, meteorologista da Semar.
“A previsão é que em setembro, outubro e novembro, as temperaturas máximas sejam de normal a acima da média, que costuma ser de 38 °C”, afirmou a especialista.
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Fonte: Portal G1
