Em busca de votos, Macron desafia promessa de Le Pen em reduto da extrema-direita


Por Michel Rose e John Irish

DENAIN, França (Reuters) – O presidente francês, Emmanuel Macron, disse que as promessas econômicas feitas pela líder de extrema-direita Marine Le Pen são uma fantasia, ao reiniciar a busca por votos para sua reeleição em um reduto da rival que ele enfrentará em um segundo turno em 24 de abril.

Em uma caminhada em Denain, uma das cidades mais pobres do país em seu antigo centro industrial no norte, Macron disse que o orçamento previdenciário da França é insustentável e que a promessa de sua adversária de reduzir a idade de aposentadoria é inviável.

Macron, de 44 anos, está competindo para se tornar o primeiro presidente em duas décadas a ganhar um segundo mandato, mas enfrenta um duro desafio diante de Le Pen, que tem aproveitado a irritação da população com o custo de vida e a percepção de que Macron está desconectado das dificuldades cotidianas.

Ele disse que a única solução para o crescente déficit previdenciário da França é fazer as pessoas trabalharem mais.

“Estou tentando deixar claro que meu programa é justo e voltado para o social”, afirmou Macron, de centro, aos moradores locais, acrescentando: “Vejo que o país está dividido”.

Macron e Le Pen conquistaram os primeiros lugares no primeiro turno de domingo, estabelecendo uma repetição do segundo turno de 2017 entre o liberal econômico pró-Europa e a nacionalista eurocética. Macron venceu confortavelmente há cinco anos. Mas as pesquisas do Ifop previram um segundo turno apertado em 24 de abril, com 51% para Macron e 49% para Le Pen, colocando uma vitória para ambos os lados dentro da margem de erro.

Uma vitória de Le Pen causaria choque na Europa e em outros lugares, e provocaria um abalo semelhante à votação britânica do Brexit para deixar a União Europeia (UE) ou à chegada de Donald Trump na Casa Branca em 2017.

Os resultados do Ministério do Interior mostraram que Macron obteve 27,84% dos votos no primeiro turno, enquanto Le Pen conseguiu 23,15% e o veterano de esquerda Jean-Luc Mélenchon, 21,95%.

Os investidores pareciam um pouco aliviados. O índice francês CAC 40 superou outros pares europeus, subindo 0,6% contra uma queda de 0,5% para o pan-europeu STOXX 600, enquanto o euro manteve-se abaixo de uma alta de 1,0955 dólar no início do pregão asiático.

Mélenchon pediu a seus apoiadores que não dessem um único voto a Le Pen, mas não endossou Macron. O voto dos eleitores de esquerda no segundo turno será crucial para determinar o vencedor.

Macron adotou um tom cauteloso.

“Não nos enganemos, nada foi decidido ainda”, disse Macron a seus apoiadores na noite de domingo.

Denain, que antes se orgulhava de ser a capital siderúrgica e de mineração da França, é típica cidade provinciana desindustrializada, onde a pobreza e o desemprego fazem com que muitas pessoas se sintam abandonadas pela elite política.

No domingo, Le Pen ganhou 42% dos votos na cidade e Mélenchon ficou em segundo lugar. Acusado pela esquerda durante seu primeiro mandato de ser um “presidente dos ricos”, Macron, um ex-banqueiro de investimentos, disse que queria criar riqueza para que mais pudesse ser redistribuído.

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Fonte: Mix Vale