Eletrobras: TCU retoma nesta quarta julgamento que pode viabilizar privatização neste ano; entenda | Economia


O Tribunal de Contas da União (TCU) retoma nesta quarta-feira (18) o julgamento da segunda e última etapa do processo de privatização da Eletrobras, estatal que atua nas áreas de geração e transmissão de energia.

O governo aguarda o aval definitivo do tribunal para fazer a venda da companhia de energia elétrica ainda este ano. Se confirmada a operação, será a primeira grande estatal a ser privatizada pelo governo Bolsonaro.

A privatização da Eletrobras é uma das prioridades do novo ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida. Ele se reuniu entre segunda (16) e terça-feira (17) com seis dos oitos ministros do TCU que votam no processo, segundo sua agenda oficial.

A primeira etapa do processo de privatização da Eletrobras foi aprovada pelo TCU em fevereiro. Na ocasião, os ministros analisaram e aprovaram o chamado “bônus de outorga” que, após a privatização, a Eletrobras deverá pagar à União pela renovação dos contratos das 22 usinas hidrelétricas da empresa.

Nesta quarta-feira (18), o plenário do TCU vota a segunda fase do processo. Nessa etapa, o tribunal avalia o modelo de venda proposto pela União, incluindo faixa de valor das ações a serem ofertadas na bolsa de valores.

O julgamento se iniciou em 20 de abril, mas foi suspenso por 20 dias devido à concessão de vista coletiva (mais tempo para análise do processo pelos ministros).

TCU retoma nesta quarta (18) julgamento sobre privatização da Eletrobras

TCU retoma nesta quarta (18) julgamento sobre privatização da Eletrobras

Nesta reportagem, entenda os principais pontos relacionados à privatização:

  1. Como será o julgamento?
  2. Como será a privatização da Eletrobras?
  3. Qual será o valor da oferta de ações?
  4. Quanto a União vai arrecadar?
  5. Quando será a privatização?
  6. O que não será privatizado?
  7. O que muda para o consumidor?

O julgamento acontece nesta quarta-feira (18) na sessão do plenário do TCU , a partir das 14h30.

O ministro Vital do Rêgo, autor do pedido de vista, vai ler seu voto contrário à privatização, conforme já antecipado publicamente pelo próprio ministro. Para Rêgo, a Eletrobras foi subavaliada e sua privatização pode resultar no aumento da conta de luz.

O relator do processo, ministro Aroldo Cedraz, votou favorável à privatização da empresa na sessão do dia 20, mas determinou ao governo que revise o preço mínimo por ação a ser ofertada ao mercado. Técnicos do governo afirmam que tal determinação não deve prejudicar a privatização nem o cronograma de desestatização. Os valores são sigilosos.

Cedraz, se quiser, pode mudar alguns pontos de seu voto na sessão desta quarta-feira (18), através da apresentação de um complemento de voto.

Os demais ministros votam nesta quarta. Eles podem acompanhar o voto de Cedraz ou Rêgo ou abrir uma terceira linha de votação.

Como será a privatização da Eletrobras?

O governo optou por realizar a privatização na forma de uma capitalização, ou seja, serão ofertadas novas ações da Eletrobras na bolsa de valores e, com isso, a União deixará de ser a acionista controladora da empresa.

Quando o processo for concluído, a estatal se tornará uma empresa sem controlador definido. Modelo semelhante foi adotado na privatização da Embraer. Nenhum acionista terá poder de voto superior a 10% de suas ações.

Qual será o valor da oferta de ações?

O preço mínimo por ações ainda não está público e pode mudar dependendo da decisão do TCU desta quarta-feira.

Até o fim do ano passado, a expectativa era que a oferta primária movimentasse entre R$ 22 bilhões a R$ 26,7 bilhões. Uma oferta secundária de ações poderá ser feita para diluir o capital da União, de modo a ela deixar de ser a acionista controladora.

Quanto a União vai arrecadar?

Ao todo, a privatização da Eletrobras deve movimentar cerca de R$ 67 bilhões. A empresa terá de pagar:

  • em torno de R$ 25,4 bilhões à União como “bônus de outorga” pela renovação dos contratos das usinas hidrelétricas da empresa. Será o valor que entrará no caixa do Tesouro. Esse valor será pago à vista, em até 30 dias após a assinatura dos contratos de concessão das usinas;
  • R$ 32 bilhões à Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), fundo usado para bancar subsídios ligados ao setor elétrico, como a tarifa social de energia. Do valor, R$ 5 bilhões serão depositados em até 30 dias após a data de assinatura dos novos contratos de concessão, e o restante em aportes anuais ao longo de 25 anos; e
  • o restante para revitalização de bacias hidrográficas e para compra de combustíveis para a geração de energia em locais não interligados ao sistema nacional de energia.

Os números são aproximados, já que há pequena divergência nos dados divulgados pelo MME e pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Quando será a privatização?

O governo e o BNDES (que auxilia na operação) não informaram a data da privatização, pois esperam o aval do TCU para entender quais mudanças precisarão ser feitas no processo e se uma nova assembleia de acionistas terá de ser convocada.

Técnicos do governo têm afirmado, reservadamente, que a privatização deve acontecer entre o fim de junho e até, no máximo, meados de agosto.

Em teleconferência com investidores sobre os resultados do primeiro trimestre do ano, o presidente da Eletrobras, Rodrigo Limp, disse nesta terça-feira (16) que a janela de mercado vai até meados de agosto, mas que o ideal é fazer a privatização o quanto antes, devido à proximidade com as eleições e também ao período de férias do hemisfério Norte.

O que não será privatizado?

A Itaipu Binacional e a Eletronuclear não serão privatizadas junto com a Eletrobras. O governo criou uma nova estatal, chamada ENBPar, para administrar esses dois ativos. Os programas sociais da Eletrobras também passarão a ser geridos pela ENBPar.

O que muda para o consumidor?

Após a privatização, haverá uma mudança gradual no modelo com que a energia produzida pelas usinas hidrelétricas da Eletrobras é comercializada — processo chamado de “descotização”.

Atualmente, a energia produzida por parte das usinas da Eletrobras é vendida às distribuidoras a valores mais baixos que os praticados pelo mercado — o chamado regime de cotas. Com a privatização, os contratos das usinas da Eletrobras serão renovados no regime de mercado, ou seja, poderão vender energia a preço de mercado.

Haverá uma transição de cinco anos entre os regimes. O Ministério de Minas e Energia nega que o processo resulte em aumento da conta de luz. Já parte dos especialistas acredita que a conta vai subir ao longo dos anos.

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Fonte:G1