O dólar fechou em alta nesta quinta-feira (25), dia em que o Banco Central interveio duas vezes no mercado de câmbio, com as operações locais replicando um rali da moeda norte-americana no exterior em meio à escalada das taxas de juros de títulos soberanos dos Estados Unidos.
A moeda norte-americana subiu 1,7%, cotada a R$ 5,5129. Na máxima do dia, chegou a R$ 5,5374. Veja mais cotações. É o maior patamar de fechamento desde 5 de novembro (R$ 5,5429).
Na quarta-feira, o dólar fechou em queda de 0,39%, a R$ 5,4207. Na parcial do mês, passou a acumular alta de 0,98%. No ano, tem valorização de 6,28% ante o real.
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Atuação do Banco Central
Segundo a agência Reuters, às 13h20, com o dólar já em R$ 5,50, o BC anunciou o primeiro leilão do dia, na forma de oferta de venda de dólares à vista, colocando US$ 920 milhões.
A cotação desacelerou a valorização, mas não demorou para voltar a tomar fôlego. Às 15h37, o dólar bateu a máxima da sessão (5,5393 reais, alta de 2,17%). No mesmo minuto, o BC anunciou a segunda oferta de dólar spot do dia, com venda efetiva de US$ 615 milhões.
No total, a autoridade monetária colocou US$ 1,535 bilhão nessa modalidade, com liquidação em 1º de março. É o maior valor de venda a ser liquidado no mesmo dia desde a liquidação de US$ 2,175 bilhões em moeda à vista em 28 de abril do ano passado.
O BC não fazia leilão de dólar à vista desde dezembro de 2020.
Diferentemente de outros dias de pressão nos mercados, o real não liderou as perdas globais nesta sessão, posto que coube ao rand sul-africano (-3,4%). Em seguida vinham lira turca (-2,4%), peso mexicano (-2,2%) e peso chileno (-2,1%) – a moeda brasileira aparece logo depois.
O estresse nos mercados nesta quinta-feira ainda foi motivado pela contínua subida dos rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA, os Treasuries. A taxa de dez anos – referência para os custos globais de empréstimos – saltou a 1,614%, de 1,389% da véspera, maior patamar em mais de um ano.
Juros mais altos tornam esse ativo – considerado o mais seguro do mundo – ainda mais interessante, o que estimula desmonte de carteiras em outros mercados – como ações e moedas emergentes.
A pressão nos bônus vinha em doses mais brandas nos últimos dias e se intensificou nesta quinta, mesmo depois de, na véspera, o chefe do banco central dos EUA, Jerome Powell, ter assegurado que os juros permanecerão baixos.
A escalada do dólar nesta sessão foi acompanhada de novo rali nos juros futuros da B3, num momento em que o mercado discute chances de início de uma normalização do patamar da Selic no mês que vem.
“Com essas pancadas nos yields dos Treasuries, se o BC não elevar a Selic em março, vejo dólar buscando 5,70 reais”, disse Henrique Esteter, analista de research e equity sales na Guide Investimentos.
Variação do dólar em 2021 — Foto: Economia G1
Fonte: G1