O dólar fechou em queda nesta quarta-feira (23), com os investidores avaliando os riscos políticos e fiscais do Brasil em meio a sinalização de retomada da agenda de privatizações do governo.
A moeda norte-americana recuou 0,39%, cotada a R$ 5,4207. Veja mais cotações.
Na terça-feira, o dólar fechou em queda de 0,24%, a R$ 5,4421. Na parcial do mês, passou a acumular queda de 0,91%. No ano, porém, tem valorização de 4,50% ante o real.
O Banco Central realizou nesta quarta-feira leilão de swap tradicional para rolagem de até 16 mil contratos com vencimento em junho e outubro de 2021, destacou a Reuters.
Na agenda de indicadores, o IBGE divulgou que o IPCA-15, que é uma prévia da inflação oficial do país, desacelerou para 0,48% em fevereiro. Em 12 meses, acumula alta de 4,57%, acima da meta central do governo para a inflação em 2021, que é de 3,75%.
Já a Fundação Getulio Vargas mostrou que a confiança do consumidor subiu em fevereiro após quatro meses de queda consecutivas.
Entre os analistas, tem crescido a aposta de aumento da taxa básica de juros já na próxima reunião do Copom, agendada para 17 de março. “O Banco Central só não aumentará a Selic no mês que vem caso persista a indefinição sobre a extensão do auxílio emergencial”, avaliou em relatório a LCA Consultores.
No Congresso, seguem as discussões sobre a PEC Emergencial, que abre caminho para mais uma rodada do Auxílio Emergencial e cria medidas de ajuste nas contas públicas.
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Governo entrega MP da Eletrobras ao Congresso; veja análise
Nivalde de Castro, coordenador do GESEL (Grupo de Estudos do Setor Elétrico) da UFRJ, comentou sobre o assunto. Segundo Nivalde, há quase 25 anos os governos tentam realizar a privatização da Eletrobras, esta medida provisória foi criada com a intenção de dar uma esfriada no caso da Petrobras.
Na cena política, o presidente Jair Bolsonaro entregou na véspera uma medida provisória que busca acelerar a privatização da Eletrobras, numa tentativa de reverter a imagem de que a agenda de privatizações do governo está parada e após sua decisão de trocar o comando da Petrobras ter alimentado receios de uma guinada do governo a uma direção mais populista e mais distante da agenda liberal defendida pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.
Em evento na véspera, Bolsonaro dedicou parte do discurso a fazer elogios ao ministro da Economia, que ainda não se pronunciou sobre a troca no comando da Petrobras. O presidente disse ainda que “tem muita coisa errada” na Petrobras e que o indicado para ser o novo presidente da estatal, o general reformado Joaquim Silva e Luna, irá “dar uma arrumada” na empresa.
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O presidente Bolsonaro elogiou o ministro Guedes em cerimônia no Planalto
Desde a interferência de Bolsonaro na Petrobras, Guedes ainda não falou publicamente sobre o assunto.
No exterior, vários investidores citaram o impacto do discurso feito na véspera pelo presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, como um fator de pressão para o dólar no mundo todo.
Powell reiterou que as taxas de juros dos Estados Unidos permanecerão baixas e que o Fed continuará comprando títulos para apoiar a economia.
Variação do dólar em 2021 — Foto: Economia G1
Fonte: G1