Dólar abre em alta e vai a R$ 6,21 no último pregão do ano, com novos dados das contas públicas




Na última sexta, a moeda norte-americana subiu 0,26%, cotada a R$ 6,1932. O principal índice de ações da bolsa de valores fechou em queda de 0,67%, aos 120.269 pontos. Notas de dólar.
Murad Sezer/ Reuters
O dólar abriu em alta nesta segunda-feira (30), último pregão do ano, ainda de olho no cenário fiscal brasileiro e com investidores repercutindo novos dados das contas públicas.
Segundo informações do Banco Central do Brasil (BC), as contas do setor público consolidado apresentaram um déficit primário — quando se gasta mais do que arrecada — de R$ 6,6 bilhões em novembro.
Apesar de negativo, o resultado representa uma melhora em relação ao mesmo mês de 2023, quando o déficit foi de R$ 37,3 bilhões. O resultado engloba o governo federal, os estados, municípios e as empresas estatais.
Olhando especificamente para as contas das empresas estatais, porém, os dados são mais negativos. As estatais têm um déficit acumulado de R$ 6 bilhões em 2024 até novembro. No mês, o resultado foi negativo em R$ 1,6 bilhão. Vale notar que empresas grandes e muitas vezes lucrativas para a União, como a Petrobras e o Banco do Brasil, não entram nesse cálculo por terem regras diferenciadas.
Com esses números, apesar de o ano ainda não ter acabado, já é possível estimar que, em 2024, as estatais terão o pior resultado contábil em toda a série histórica, iniciada há 15 anos.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
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Dólar
Às 9h07, o dólar subia 0,32%, cotado a R$ 6,2130. Veja mais cotações.
Na última sexta-feira (27), a moeda norte-americana fechou em alta de 0,26%, cotado a R$ 6,1932.
Com o resultado, acumulou:
ganhos de 2% na semana;
alta de 3,21% no mês;
avanço de 27,63% no ano.

Ibovespa
O Ibovespa começa a operar às 10h.
Na sexta, o índice encerrou em baixa de 0,67%, aos 120.269 pontos.
Com o resultado, acumulou:
queda de 1,50% na semana;
perda de 4,30% no mês;
recuo de 10,37% no ano.

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O que está mexendo com os mercados?
Com os resultados mais recentes das contas públicas brasileiras, o mercado segue repercutindo o quadro fiscal do país. Há duas semanas, o Congresso concluiu a tramitação do pacote de cortes de gastos proposto pelo governo federal.
A ideia inicial era economizar R$ 71,9 bilhões nos próximos dois anos, e um total de R$ 375 bilhões até 2030. Segundo cálculos do Ministério da Fazenda, no entanto, as mudanças feitas pelo Congresso devem ter um impacto de R$ 2,1 bilhões, reduzindo a economia para R$ 69,8 bilhões.
Em café da manhã com jornalistas, no último dia 20, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que as mudanças feitas pelos parlamentares não comprometem a conta final feita pelo governo.
“Fala-se em ‘desidratação’, mas havia expectativa de parte dos analistas que poderia haver ‘hidratação’ [aumento da potência dos cortes de gastos]. Os ajustes feitos na redação não afetam o resultado final. Mantém na mesma ordem de grandeza os valores encaminhados pelo Executivo”, afirmou Haddad.
O mercado, porém, contesta os números. Para a XP Investimentos, o potencial de economia fiscal recuou de R$ 52 bilhões para R$ 44 bilhões.
“Apesar da direção correta, vemos o pacote como insuficiente para garantir o atingimento das metas de resultado primário e, principalmente, a manutenção do limite de despesas do arcabouço fiscal nos próximos anos”, diz um relatório da empresa.
O governo precisa reduzir os gastos porque tem uma meta de zerar o déficit público pelos próximos dois anos — ou seja, gastar o mesmo tanto que arrecada em 2024 e 2025. O arcabouço também estipula que o governo deve começar a arrecadar mais do que gasta a partir de 2026, para controlar o endividamento público.
Mas os agentes financeiros já não esperam grande eficácia das medidas para controlar o endividamento público, e declarações recentes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Fantástico reforçaram a percepção de que o governo não pretende avançar muito na contenção de despesas.
O mercado tinha a expectativa de que o governo mexesse em gastos estruturais nesse pacote de corte de gastos — como a Previdência, benefícios reajustados pelo salário mínimo e os pisos de investimento em saúde e educação. Mas isso não aconteceu.
Segundo os analistas, essas despesas tendem a subir em velocidade acelerada e têm potencial de anular esse esforço do pacote em pouco tempo. O governo, contudo, é avesso às medidas, que mexeriam com políticas públicas e com promessas de campanha do presidente Lula.
Segundo o blog do Valdo Cruz, interlocutores do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, avaliam que o governo precisa dar uma sinalização mais forte na área fiscal, incluindo o anúncio de medidas adicionais às já anunciadas, para reverter de vez o cenário negativo que reina no mercado neste fim de ano.
*Com informações da agência de notícias Reuters



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