Desinformação sobre quebramento da haste de soja foi desafio da última safra


Devido uma indefinição sobre a causas dos problemas de quebramento da haste da soja e de podridão de grãos, na safra 2023/2024, ocorreu muita desinformação.

As ocorrências de quebramento de haste e podridão de grãos na cultura da soja têm sido relatadas com maior frequência nos últimos anos, sendo a podridão de grãos, desde a safra 2018/2019 na região médio-norte de Mato Grosso e em Rondônia, enquanto o quebramento de haste desde 2020/2021.

Desinformação sobre quebramento da haste de soja

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Problema da podridão ocorre em Mato Grosso, especialmente na BR 163, por conta da proximidade com o bioma amazônico. Foto: Envato

Além disso, também na região mato-grossense, assim como nos estados do Paraná e de Santa Catarina na safra 2023/2024, houve bastante desinformação.

Conforme o professor Sérgio Brommonschenkel, os fungos que predominam, no caso da podridão de grãos e vagens são espécies de Diaporthe, Fusarium, Colletotrichum.

“Esses fungos podem ser encontrados de forma latente nas plantas e causam sintomas na fase final do enchimento de grãos, em determinadas condições climáticas”, disse.

Com base nele, o problema da podridão ocorre em Mato Grosso, especialmente na BR 163, por conta da proximidade com o bioma amazônico que proporciona maior frequência de chuvas, ocasionando em maiores períodos de acúmulo de umidade no final enchimento de vagens.

“Quando esses fatores coincidem, temos maior incidência da podridão de grãos e vagens”, alegou.

Apesar dos desafios que envolvem a podridão de grãos e vagens, na safra 2023/2024, houve menor incidência do problema por conta da menor pluviosidade, em decorrência do fenômeno El Nino.

“Desde que começamos a tentar identificar as causas e as estratégias de manejo para esses problemas, tínhamos o clima como fator determinante. A presença de molhamento na finalização do enchimento de grãos e na maturação é preponderante para se observar os sintomas”, relata a fitopatologista Karla Kudlawiec, da SLC Agrícola.

Tanto em Mato Grosso quanto no Paraná, dois importantes estados produtores de soja, na safra 2023/2024, os levantamentos apontaram que a área de ocorrência de quebramento da haste foi pouco expressiva.

Haste de sojaHaste de soja
Debate sobre o tema ocorreu na Reunião de Pesquisa de Soja, promovida pela Embrapa Soja. Foto: Envato

No Paraná, o quebramento da haste foi constatado com certa intensidade na região do Vale do Ivaí, em áreas de baixa altitude, inferiores a 500 m, no qual a via de regra as temperaturas são mais elevadas.

Quanto a podridão de grãos, Karla relata que não foi possível avaliar se a estratégia de manejo definida seria eficiente.

“Não pudemos avaliar se os manejos estabelecidos, com a rotação de diferentes princípios ativos dos fungicidas, foi eficiente porque houve baixa incidência do problema”, alegou.

Para abordar a seleção de cultivares para quebramento da haste e podridão de grãos, o painel contou com a participação de Neucimara Ribeiro, da GDM Genética.

“Já fizemos vários testes para identificar a causa e tentativas de seleção de genótipos para o problema. Mas, como ainda não há certeza das causas, ainda precisamos aguardar para avançar”, explica.

O debate sobre o tema ocorreu na Reunião de Pesquisa de Soja, promovida pela Embrapa Soja, de 26 a 27 de junho, em Londrina (PR).



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