De acordo com o Banco Mundial, 5 dos 10 mercados emergentes e economias em desenvolvimento com o maior índice de mortes por Covid-19 per capita no mundo no final de 2020 estavam na América Latina e no Caribe, incluindo 5 das 6 maiores economias da região — entre elas o Brasil.
Ainda assim, a redução do PIB brasileiro foi menos severa do que a expectativa do Banco Mundial para a região em 2020, de -8,4%.
“Essa contração refletiu o rápido aumento de infecções, aversão ao risco relacionado à pandemia por famílias e empresas, medidas de controle da COVID-19 e consequências de uma economia global em encolhimento”, informou a instituição financeira, em Washington (EUA), ao G1.
PIB anual dos países — Foto: Anderson Cattai/G1
Dos resultados já divulgados pelos órgãos oficiais de estatísticas do exterior, o PIB do México registrou queda de 8,5% e o da Colômbia, de 6,8%. A Argentina anunciou na semana passada a primeira prévia oficial do PIB com um recuo de 10% em 2020.
De acordo com Emerson Marçal, coordenador do Centro de Macroeconomia Aplicada da FGV EESP, os países que perderam o controle da pandemia foram bastante afetados em termos econômicos, como o Reino Unido e a Espanha, que viveram a segunda onda da Covid-19 no ano passado.
Primeiras doses da vacina Sputnik V, desenvolvida pela Rússia contra a Covid-19, chegam à Argentina, em dezembro — Foto: Esteban Collazo / Argentina’s Presidency Press Office / AFP
“No entanto, eles estão controlando a pandemia com a vacinação. Vão fechar essa curva primeiro [que o Brasil] e provavelmente já perderam o que tiveram de perder em termos financeiros. O mesmo acontece com Israel”, explicou o professor.
Por ter sido o primeiro país a lidar com a pandemia, no final de 2019, a China deve ser o único país a registrar PIB positivo em 2020, um crescimento estimado de 1,97%, segundo o Banco Mundial.
“Esse deve ser o ritmo de crescimento mais lento da China desde 1976, embora acima das projeções iniciais. Será uma recuperação contínua e apoiada pelo controle eficaz da pandemia e pelo estímulo impulsionado pelo investimento público”, acrescentou a instituição.
Cenário nacional em 2021
Na avaliação de Marçal, o desempenho do Brasil em 2020 foi sustentado principalmente pelo auxílio emergencial. A esperança para 2021, disse, era fechar a curva da pandemia com a vacinação, mas “a gente não tem vacina suficiente para fazer isso rápido”.
“O que aconteceu no final do ano passado com os países desenvolvidos [início da recuperação], deve acontecer no Brasil apenas em 2022. Nos EUA, por exemplo, 2021 vai ser um ano de normalização”, comparou.
Segundo o Banco Mundial, se o progresso no controle da pandemia for atrasado por dois trimestres, o crescimento global pode ser inferior à metade do crescimento da linha de base.
Por outro lado, se a pandemia pudesse ser contida um trimestre antes do previsto, o crescimento global seria maior e provavelmente suficiente para reverter as perdas do ano passado, conclui a instituição.
Fonte: G1