Demanda por crédito nos pequenos negócios dobrou em 2020, diz Sebrae | PME


A proporção de pequenos negócios que tentaram um novo empréstimo nos bancos passou de 18% para 38% nos últimos seis meses de 2020, na comparação com o mesmo período do ano anterior, segundo pesquisa do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) divulgada nesta terça-feira (19).

No segundo trimestre do ano, durante a fase mais difícil da pandemia do coronavírus, o volume de crédito concedido pelos bancos aumentou em 35%, comparado ao mesmo período de 2019, passando de R$ 65 bilhões para R$ 87 bilhões.

No entanto, o aumento no total de financiamentos concedidos não foi acompanhando pelo crescimento do número de pequenos negócios tomadores de crédito.

“Não houve um aumento no número total de pequenos negócios tomadores de crédito, mas houve um crescimento considerável no volume de crédito e um recorde de 79% na proporção de empréstimos tomados como Pessoa Jurídica. Sob influência da pandemia houve, por um lado, uma mobilização do governo para oferecer programas de crédito emergenciais e, por outro, a necessidade de crédito por parte dos empresários diante de crise profunda”, explica o presidente do Sebrae, Carlos Melles.

Entre os pequenos negócios, a expansão do volume do crédito ficou concentrada nas Empresas de Pequeno Porte (EPP), que receberam 83% das novas concessões, seguidas das microempresas com 12% e dos microempreendedores individuais (MEI) com 5%. Já o número total de pequenos negócios tomadores de empréstimo bancário cresceu apenas 1%.

“Os dados indicam que, neste contexto, as empresas que conseguiram crédito já possuíam um relacionamento bancário e foram favorecidas por uma boa organização financeira”, afirma Melles.

O levantamento do Sebrae aponta que, apesar dos obstáculos históricos para o acesso ao financiamento, o ano de 2020 apresentou uma queda no nível de dificuldade na obtenção de empréstimos bancários, segundo avaliação dos próprios empresários.

Em 2019, 69% dos pequenos negócios encontraram dificuldade. Essa porcentagem caiu para 63% em 2020.

A demanda por um novo empréstimo mais que dobrou em bancos por parte de donos de empreendimentos de pequeno porte. Enquanto em 2019, 18% dos empresários tentou obter um crédito, em 2020 esse percentual foi de 38%. Os recursos foram utilizados principalmente para capital de giro, de acordo com o Sebrae.

Entre os novos empréstimos ou financiamentos tomados, 55% foram feitos por meio do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), lançado pelo Governo Federal para atender aos fortes impactos da crise.

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Os relatos de dificuldades dos empresários junto aos bancos também caíram expressivamente, principalmente sobre as taxas de juros – de 44% para 18% – e exigência de garantias – de 20% para 11%.

De acordo com o estudo, essa queda é reflexo do Pronampe e da disponibilização de novas linhas de crédito com garantias do Sebrae, via Fundo de Aval às Micro e Pequenas Empresas (Fampe), entre outros fundos garantidores.

Mesmo com uma melhora no cenário de crédito bancário, o Sebrae destaca que um dos principais desafios para 2021 ainda é a redução da burocracia, considerada um fator importante para facilitar a aquisição de empréstimo.

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O trabalho mostra ainda que as demais formas de financiamento não bancários, comuns entre os pequenos negócios, como negociar prazo com fornecedores, passar cheque pré-datado e usar recursos de amigos e parentes, também foram bem menos utilizados em 2020, se comparado a todos os demais anos em que a pesquisa foi realizada.

Confira outras informações da pesquisa:

  • Em 2020, apesar de uma forte contração das fontes de financiamento além dos bancos, aumentou a proporção de pequenos negócios que utilizam recursos de bancos oficiais – de 8% para 13%;
  • O número total de pequenos negócios tomadores de crédito passou de 5,8 milhões no segundo trimestre de 2019 para 5,9 milhões no mesmo período de 2020.
  • 2020 registrou a maior proporção (79%) de pequenos negócios que pegaram empréstimos em bancos como PJ desde a criação do estudo, em 2019.
  • Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil lideram o ranking dos bancos mais procurados pelos pequenos negócios, mas as instituições financeiras não tradicionais, como o Sicoob, Banpará e Sicredi, são mais bem avaliadas em termos de satisfação.
  • Enquanto a demanda por capital de giro aumentou nos últimos seis meses, as demais tiveram queda, como por exemplo, empréstimo para reforma ou ampliação do negócio e compra de máquinas e equipamentos.

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Fonte: G1