Decisão de Mendonça sobre ICMS vai aumentar tributação sobre combustíveis, diz Wellington Dias | Blog do Valdo Cruz


O alerta é do ex-governador do Piauí, Wellington Dias (PT), que coordenou o fórum de governadores e negociou o tema quando estava no cargo. Para o político, a ida do governo Jair Bolsonaro ao Supremo contra a decisão dos estados faz parte de mais uma etapa da guerra política do presidente com os governadores.

Segundo o ex-governador, a decisão de Mendonça “pode anular o convênio 16”, celebrado pelo Conselho dos Secretários de Fazenda (Comsefaz) para regular o tema. Dias afirma que, com isso, “a lei sobre o ICMS pode acabar aumentando o preço dos combustíveis de muitos estados”.

“Um estado que hoje cobra R$ 0,75 por litro de gasolina vai elevar o preço para R$1, valor da alíquota fixa em real a partir de julho”, afirma o político.

O convênio feito pelos secretários de Fazenda dos Estados definiu, como determinado pela nova legislação, uma alíquota única de R$ 1 de ICMS sobre o preço dos combustíveis – mas permitiu que os governadores concedam descontos.

Com esses abatimentos, dizem os governadores, o valor da carga tributária de ICMS ficaria na prática no valor hoje cobrado. O valor de R$ 1 é a maior alíquota do país até então, cobrada pelo Acre.

Estados vão contestar liminar sobre ICMS do diesel

Estados vão contestar liminar sobre ICMS do diesel

Wellington Dias diz, no entanto, que a decisão liminar do ministro André Mendonça revoga temporariamente a parte do convênio que autoriza os descontos, enquanto mantém válida a alíquota unificada de R$ 1.

Assim, segundo o ex-governador, o cenário atual levaria todos os estados e o DF a passarem a adotar a alíquota única de R$ 1 a partir do próximo dia 1º – o que puxa a carga tributária para cima.

No recurso ao STF acatado por André Mendonça, a União afirma que os estados burlaram a lei aprovada pelo Congresso que previa a fixação de um ICMS unificado em todo o país e que não permitia os descontos. O governo federal defende uma alíquota única menor que o R$ 1 definido pelo conselho de estados.

“Parece que o governo quis aqui apenas mais uma vez jogar o povo contra os governadores. Isso não é razoável. O ICMS não tem a ver propriamente com os combustíveis. Está congelado desde novembro, e os combustíveis seguiram subindo. Aqui tem que ser o fundo de estabilização dos preços para poder baixar o preço dos combustíveis”, defendeu Wellington Dias.

Governadores tentam saída

Para os governadores, apesar de representar aumento de arrecadação, não é interessante nesse momento elevar a carga tributária em razão do custo político da medida em ano eleitoral. Os gestores locais decidiram, então, recorrer ao STF para tentar derrubar a decisão de André Mendonça.

Caso não tenham sucesso, os governadores querem negociar com o Supremo uma nova saída para evitar o aumento do ICMS.

O tributo sobre a gasolina está congelado até junho deste ano. Já o do diesel, até o próximo ano. O ex-governador do Piauí defende que o congelamento do ICMS sobre a gasolina também seja prorrogado até o próximo ano.

Arrecadação de ICMS sobre petróleo e combustíveis bate recorde: R$ 34,3 bilhões de janeiro a abril

Arrecadação de ICMS sobre petróleo e combustíveis bate recorde: R$ 34,3 bilhões de janeiro a abril



Fonte:G1