De olho no home office, coworking aposta no litoral e interior – Notícias



O home office ganhou força com as quarentenas trazidas pela pandemia de covid-19 e permitiu aos trabalhadores atuarem longe de seus escritórios. Dessa forma, bairros afastados nas grandes capitais ou mesmo cidades menores do interior e do litoral estão vendo crescer os serviços de coworking, espaços que funcionam como escritórios, podendo ser compartilhados ou não, e que permitem ao profissional uma estrutura mais adequada de trabalho muitas vezes não disponível em casa.


Nas regiões onde os serviços se desenvolvem, os usuários têm como expectativa aliar o trabalho à proximidade com familiares e uma maior qualidade de vida. Cidades de praia estão entre as apostas do setor. 



O empresário Rodrigo Morgado, que abriu o espaço Liberty Offices em Santos (SP), no ano passado, afirma que recebe pessoas que tinham a rotina de escritório e não querem trabalhar em casa. “Elas estão em regime de home office, mas querem manter sua rotina de sair, tomar um café, trocar experiências e trabalhar num local com estrutura”, conta. Ele explica que a procura pelo serviço aumentou conforme as restrições da pandemia foram sendo flexibilizadas. 


Em Maresias, no litoral norte, o empresário e corretor de imóveis Cauã Carriel decidiu adaptar seu escritório e criou o Coworking Maresias, também no ano passado. O novo serviço vem sendo utilizado por quem buscou refúgio na cidade e também por quem passa períodos menores ou fins de semana na região. “Há pessoas que alugam casas em condomínios, mas a internet cai, as crianças fazem barulho, então elas buscam o coworking para poder trabalhar”, relata. O espaço oferece aos visitantes a vista da Serra do Mar e fica a poucos metros da praia. 








Expansão







A rede de coworkings Regus, controlada pelo grupo britânico IWG, é uma das empresas que estão de olho nesse filão. A empresa começou o ano com 70 unidades e quer terminar 2021 com 100 espaços, apostando em sistema de franquias e especialmente em áreas fora dos bairros tradicionais de escritórios de São Paulo.


A companhia recentemente abriu espaços na Lapa, zona oeste da capital, e Santo Amaro, zona sul, e terá até o fim do ano um escritório também em Osasco. Ao mesmo tempo, negocia empreendimentos em pelo menos outras sete cidades do estado: São José dos Campos, Jundiaí, Ribeirão Preto e São Carlos, no interior, e Santos. “Cidades com mais de 300 mil habitantes têm que ter uma operação nossa. Esse é o nosso objetivo”, afirma o CEO da Regus, Tiago Alves. A criação de espaços em condomínios residenciais também é uma das tendências.



Alves defende que há uma “chance de ouro” para o setor com o avanço da vacinação, já que muitas empresas entregaram parcial ou totalmente seus escritórios e não pretendem remontá-los. A visão é que o trabalho se tornará mais flexível após a adesão em massa ao home office, apontando para um formato híbrido. “As empresas só vão conseguir atrair boas cabeças se houver flexibilidade”, afirma.


Ele aponta outros fatores para o sucesso do serviço. Entre eles, a falta de espaços e do ambiente necessário para trabalhar em casa. “O paulistano mora em média em imóveis de 49 metros quadrados. Como você vai ter um bom espaço de trabalho dessa forma? Dependendo da situação, torna-se um hell office”, afirma em alusão à palavra inferno, em inglês.


Segundo o CEO da Regus, além de aspectos como proximidade da família, os trabalhadores passaram a considerar perda de tempo em deslocamentos para o escritório. “Quem fica uma hora no trânsito por dia perde uma quantidade de horas equivalente a um mês e meio de trabalho”, argumenta.


Expansão


Segundo pesquisa da FIA (Fundação Instituto de Administração), no início da pandemia, 46% das empresas brasileiras adotaram o home office como principal modalidade de trabalho. Desse número, 67% das empresas relataram dificuldade na implantação. O coworking ganhou força na solução dessa questão e em todas as regiões do país.


No Nordeste, a empresa Hub Plural tem cinco unidades em Recife e terminará o ano com sete espaços na capital pernambucana. Enquanto isso, negocia a expansão para Caruaru e Petrolina, no interior do estado. “A demanda cresceu violentamente. O mercado está superaquecido. Meu problema hoje não é demanda, é oferta”, afirma o sócio-diretor Alfredo Júnior. Segundo ele, a demanda é feita tanto por empresas de maior porte, que pedem mais de 50 posições de trabalho, como por microempresas, que querem acomodar poucos funcinários.



Entre os públicos estão executivos que são do Nordeste, mas que estavam morando em São Paulo por causa do trabalho, e com a pandemia tiveram a chance de voltar.


Júnior relata que a possibilidade de espaços compartilhados oferecida pelos coworkings é também um dos pontos que cativam os frequentadores, pois acaba juntando profissionais de diferentes áreas que trocam experiências. “São encontros casuais entre aliados improváveis. Pessoas que não se conheceriam e têm a possibilidade de interagir num corredor, café, lounge, no roof top. Experiências que agregam”, diz.



Também no Nordeste, foi inaugurado em Natal (RN) neste ano o Smart Office, próximo ao Parque das Dunas. A empresária Beatriz Soares conta que o espaço de coworking teve alta procura e precisou logo após a inauguração ser ampliado, utilizado área vizinha que seria destinada a outra loja. A capacidade foi aumentada para 25 pessoas. Entre os frequentadores estão funcionários de uma empresa de Brasília cujo dono decidiu mudar-se para Natal, em busca de qualidade de vida.


Soares afirma que o coworking é uma opção interessante porque o frequentador encontra um espaço para trabalhar, interagir, sem ter de se preocupar com questões como energia, água e limpeza.













Fonte: R7