Cuidado: sorteio de contas grátis de streaming nas redes sociais pode ser fraude | Tecnologia


Perfis em redes sociais têm usados dados de terceiros para criar contas em serviços de streaming de vídeos que são sorteadas entre quem os ajuda a ganhar seguidores.

O que os “ganhadores” muitas vezes não sabem é que essas “assinaturas” acabam suspensas logo após o período de experimentação, já que os fraudadores não pagam por elas.

Além de não receber o serviço desejado – já que as promoções não deixam claro que ele dura somente pelo tempo de degustação – quem usa uma conta aberta com informações de terceiros pode acabar contribuindo com fraudadores que alimentam uma cadeia criminosa de compra e venda de dados pessoais.

Isso porque a maioria desses logins usa dados verdadeiros, mas de pessoas que geralmente não consentiram seu uso. Há muitos casos de assinaturas de experimentação feitas com um número de CPF que não pertence ao titular do cadastro, por exemplo.

Além disso, os principais serviços de streaming no Brasil vetam a comercialização ou aluguel de contas por terceiros, e consideram que as licenças de uso desses produtos são intransferíveis.

Fraude antiga, com ‘roupa’ nova

O jornalista especializado em segurança na internet Altieres Rohr, que tem um blog sobre o assunto no G1, diz que as fraudes que usam dados pessoais são antigas, mas ganharam uma nova roupagem com os serviços pagos oferecidos nos últimos anos na web.

“É uma fraude muito ligada à pirataria, que já existia antes da internet. Na Europa, havia um monte de gente trocando disquete. É uma extensão. Agora fazem a pirataria por serviço de streaming. Tem várias outras estruturas de pirataria mais complexas. Desde que eu conheço o serviço de internet, você tem um canal ou outro onde as pessoas conseguem isso.”, afirma.

Rohr lembra ainda que algumas plataformas de streaming até vasculham a internet em busca de dados roubados para alertar os seus clientes e sugerir a mudança de senha. Como parte dos usuários usa a mesma senha para vários sites, a fraude é facilitada quando tais dados já foram vazados. Já as redes sociais, quando detectam esse tipo de conteúdo, tendem a banir os perfis.

Três dos perfis que promoviam esses sorteios, ativos até a última segunda-feira (12), foram suspensos entre terça e esta quarta no Twitter no dia seguinte.

O G1 procurou Twitter, Facebook e Instagram, para perguntar se havia denúncias envolvendo esses tipos de sorteio e se eles ferem a política da plataforma, mas não obteve respostas até a publicação desta reportagem.

Os termos de uso do Twitter dizem que, “antes de começar novas competições ou concursos, certifique-se que eles estejam de acordo com todas as leis e regulamentos aplicáveis. A conformidade com tais leis e regulamentações é de sua responsabilidade”.

Os do Instagram apontam que quem utiliza a plataforma para administrar sua promoção, “faz isso por sua conta e risco”, diretriz semelhante à de seu dono, o Facebook.

O diretor de operações da empresa especializada em segurança digital BugHunt, Bruno Telles, alerta para os usuários tomarem cuidado ao inserir ou informar dados pessoais, e também ao participar de sorteios online.

Alguns desses perfis que sorteiam “assinaturas”, não apenas pedem novos seguidores ou retuítes, como solicitam outros favores em troca, como o “empréstimo” do número do celular para recebimento de códigos SMS ou a criação de e-mails.

Outra fraude comum nas redes sociais, lembra Telles, ocorre quando um perfil novo diz que vai distribuir descontos para os primeiros seguidores. A conta atrelada ao “desconto”, porém, não é da empresa mencionada no perfil e não há qualquer tipo de cupom.

Ele diz ainda que as pessoas devem denunciar os perfis suspeitos.

Altieres Rohr lembra que, mesmo tomando cuidados, as pessoas ainda correm risco de ser alvo de fraudes porque o CPF muitas vezes é encontrado facilmente pelos golpistas.

“Infelizmente não há o que fazer quanto dados pessoais como CPF e endereço, pois esses dados podem ser obtidos pelos criminosos em bases de consulta comercial de serviços de proteção ao crédito, em bases roubadas e até em documentos públicos, como processos judiciais, editais e diários oficiais.”

Para Bruno Telles, as fraudes online são frequentes porque aumentam o número de seguidores dos perfis, e o mercado de venda desses perfis nas redes sociais é atrativo.

“Hoje, as pessoas querem perfis com bastantes seguidores. Às vezes, até para aplicar golpe porque, quanto mais gente no perfil, mais credibilidade teria a pessoa ou a empresa”, afirma.

Telles lembra ainda que, recentemente, os fraudadores também criaram sites falsos para capturar dados de pessoas que tentam se cadastrar no Pix, sistema criado pelo Banco Central que vai permitir transações quase instantâneas.

Segundo a empresa de segurança digital Kaspersky, mais de 60 sites falsos, que forjavam o cadastro do Pix, foram criados em busca de dados de clientes.

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Fonte: G1