Copom surpreende com ritmo de alta dos juros e indica nova subida de 0,75 ponto, dizem economistas | Economia


A alta de 0,75 ponto percentual na taxa básica de juros promovida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) nesta quarta-feira (17) surpreendeu os economistas consultados pelo G1. A aposta majoritária do mercado era de que a alta da Selic seria de 0,5 ponto.

Sede do Banco Central em Brasília — Foto: REUTERS/Adriano Machado

No comunicado depois da reunião, os analistas também afirmara que o Copom deixou claro que deve promover um novo aumento de 0,75 ponto percentual na próxima reunião. Os diretores do BC pontuaram que “o Comitê antevê a continuação do processo de normalização parcial do estímulo monetário com outro ajuste da mesma magnitude”.

“O consenso entre os economistas era de uma alta mais fraca (da Selic), ainda que o que estava precificado na curva de juros já era mais perto de 0,75 ponto”, afirma Luciano Sobral, economista-chefe da Neo Investimentos.

Segundo o Copom, o ritmo de alta dos juros esperado em 0,75 ponto para a próxima reunião continuará dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos, e das projeções e expectativas de inflação.

Mesmo num cenário de atividade enfraquecida, o Banco Central tem sido pressionado pelo aumento da inflação. No último relatório Focus, os analistas consultados projetaram que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve encerrar este ano em 4,6% – há uma semana, a expectativa era de alta de 3,98%.

“A inflação de curto prazo vem surpreendendo sucessivamente para cima. A gente já tinha revisado o cenário de inflação na semana passada de 4% para 5% este ano”, afirma Gustavo Arruda, chefe de pesquisa para América Latina do banco BNP Paribas. Em fevereiro, a inflação acumulou alta de 5,2% em 12 meses e ficou próxima do teto da meta do governo, que é de 5,25%.

Na leitura dos analistas, essa alta mais forte dos juros e a indicação do próximo passo na política monetária podem trazer um impacto para o câmbio, com uma valorização do real e, consequentemente, um alívio para a inflação.

Atualmente, os preços de commodities estão em alta. Historicamente, sempre que esse movimento foi observado, o real se valorizou. Mas esse cenário não tem se concretizado dessa vez.

No comunicado, o Copom destacou que “a continuidade da recente elevação no preço de commodities internacionais em moeda local tem afetado a inflação corrente e causou elevação adicional das projeções para os próximos meses, especialmente através de seus efeitos sobre os preços dos combustíveis.”

“Houve um movimento de aumento de commodities, sem que houvesse uma apreciação da moeda para compensar. E aí bateu em (preços) administrados”, afirmou o economista-chefe da Trafalgar Investimentos, Guilherme Loureiro. “Esse ciclo mais carregado no curto prazo provavelmente tem o benefício de gerar uma apreciação adicional do real.”

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Fonte: G1